De entre os muitos e variados episódios que vão sendo desvendados no quadro do chamado “caso BES/GES”, chamo hoje à colação um que há dias o “Jornal i” trouxe ao conhecimento público. Não por ser essencialmente relevante para o esclarecimento das matérias centrais em questão, aliás cada vez mais enroladas, mas por ser sintomático dos mecanismos subjacentes ao sistema em que vivemos e ao regime que nos trouxe até aqui.
Os factos, que se relatam em poucas palavras, têm a ver com a entrada na RIoForte (holding não financeira do Grupo, como é sabido) do gestor José Honório, que havia sido braço-direito de Pedro Queiroz Pereira na Portucel e viria a ser mais tarde membro da administração de Vítor Bento no Novo Banco. Os encargos remuneratórios ascendiam a mais de 2,1 mil milhões de euros anuais, mas eram tidos por vários elementos da família (e, desde logo, Ricardo Salgado) como um “investimento” que de enorme valia.
Honório é reconhecidamente um expert na área financeira e poderia certamente ser portador de um novo músculo profissional para o Grupo. Mas já não parecia, à época (um ano atrás, mais coisa menos coisa), senhor de grandes ilusões quanto às virtualidades de uma consolidação estritamente assente na dimensão técnica. Com efeito, terá ele então afirmado que “o desafio técnico é fazível mas só com cobertura institucional” ou que “para que tudo isto seja possível tem de haver aqui um grande apoio institucional e o descodificar de uma mensagem que é: o que está em causa não é salvar os acionistas, não é salvar os acionistas do GES, não é salvar o GES, é fazer um 'ring fencing' de Portugal”.
Cobrar favores seria imprescindível, pois. E, no circunstancialismo político, nada melhor do que Durão. Até porque acumulava: “é amigo desta casa” e “esta casa é amiga dele”. E, assim sendo, Durão poderia até ter “uma conversa privada, sem mais ninguém, com o Presidente da República e com o primeiro-ministro” em apoio a “esta casa”. Se existiu ou não alguma dessas conversas privadas, talvez nunca saibamos; mas ficamos a saber que as coisas funcionavam assim. E no início desta semana soubemos também, e à ganância, que “os tanguistas” não se faziam nada rogados em dançar publicamente...
Os factos, que se relatam em poucas palavras, têm a ver com a entrada na RIoForte (holding não financeira do Grupo, como é sabido) do gestor José Honório, que havia sido braço-direito de Pedro Queiroz Pereira na Portucel e viria a ser mais tarde membro da administração de Vítor Bento no Novo Banco. Os encargos remuneratórios ascendiam a mais de 2,1 mil milhões de euros anuais, mas eram tidos por vários elementos da família (e, desde logo, Ricardo Salgado) como um “investimento” que de enorme valia.
Honório é reconhecidamente um expert na área financeira e poderia certamente ser portador de um novo músculo profissional para o Grupo. Mas já não parecia, à época (um ano atrás, mais coisa menos coisa), senhor de grandes ilusões quanto às virtualidades de uma consolidação estritamente assente na dimensão técnica. Com efeito, terá ele então afirmado que “o desafio técnico é fazível mas só com cobertura institucional” ou que “para que tudo isto seja possível tem de haver aqui um grande apoio institucional e o descodificar de uma mensagem que é: o que está em causa não é salvar os acionistas, não é salvar os acionistas do GES, não é salvar o GES, é fazer um 'ring fencing' de Portugal”.
Cobrar favores seria imprescindível, pois. E, no circunstancialismo político, nada melhor do que Durão. Até porque acumulava: “é amigo desta casa” e “esta casa é amiga dele”. E, assim sendo, Durão poderia até ter “uma conversa privada, sem mais ninguém, com o Presidente da República e com o primeiro-ministro” em apoio a “esta casa”. Se existiu ou não alguma dessas conversas privadas, talvez nunca saibamos; mas ficamos a saber que as coisas funcionavam assim. E no início desta semana soubemos também, e à ganância, que “os tanguistas” não se faziam nada rogados em dançar publicamente...
(vinheta de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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