Chegou com uma aura negativa à esquerda – et pour cause... –, mas a entrevista que esta semana concedeu ao “Le Monde” traz à tona, de forma indisfarçada, duas grandes verdades por si apontadas e que estão na base da fragilidade desta nossa Europa em alegadamente unitário/solidário processo de construção e cada vez mais à deriva: estado de urgência da economia francesa, por um lado, e escassez de investimento europeu, por outro. É desta já chamada macron-économie que abaixo proponho uma síntese em imagens.
(Jean Plantu, http://lemonde.fr)
(Aurélien Froment, “Aurel”, http://lemonde.fr)
Mas era numa outra vinheta e numa outra caixa do mesmo jornal que se punha o dedo na ferida dos pecados originais subjacentes a tudo o mais que vamos observando: a aversão da sociedade francesa à ideia de reforma e a insistente ideia franco-francesa de uma França grandiosa. Esta última, que continua a empurrá-la para o voluntarismo de estar em todas, levou os seus responsáveis, vinte e cinco anos atrás, ao convencimento de que amarrariam os alemães à sua Europa forçando uma construção à trouche-mouche, porque apressada e manca, de uma moeda única europeia – como diria o meu amigo Félix Ribeiro, se tivessem proposto uma defesa única europeia com todas as suas virtuosas implicações potenciais...
(Colcanopa, http://lemonde.fr)
Agora que “Inês é morta”, e que duas outras imagens podem também ajudar a sintetizar o modo como as grandes forças democráticas internas – la gauche et la droite –contribuem placidamente ou de modo turbulento para dizimar a pouca credibilidade que ainda lhes resta, talvez só rezando possam os franceses evitar que o pior venha a ser possível (como sugeria a capa do “L’Express” da última semana). Ainda que, se o pior se tornar possível, nem tudo acabe por ser péssimo, dado que novamente a França estará na linha da frente, colocando-se com grande probabilidade na História de uma guinada política cujas consequências nem ela própria saberá avaliar...
(Kak, http://www.lopinion.fr)
(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
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