Com duas viagens de cinco horas e meia entre
Porto e Faro em dois dias e com a ajuda de uma irritantemente intermitente rede sem fios
que a CP lá nos vai oferecendo, imaginam que deu para trabalhar, ler,
pesquisar, refletir e no fundo também organizar materiais para este blogue,
alguns dos quais se seguirão em próximas oportunidades.
Mas queria sobretudo destacar a estimulante
leitura da GRANTA nº 4 que acaba de sair e com um tema, África, que nem sequer
me é muito caro, se calhar por lá nunca ter estado, mas que me motivou a
leitura durante largos minutos, provavelmente pelo efeito da introdução de
Carlos Vaz Marques que é uma delícia de memórias introdutórias ao tema.
O volume apresenta-nos inúmeras perspetivas sobre
as diferentes Áfricas, cruzando autores nacionais que escreveram por encomenda
para este número com traduções da GRANTA original, algumas com vinte anos, mas
que fazem um painel de vivências africanas extremamente cativante.
Do que consegui ler, e convém recordar que a
GRANTA é uma revista para se ir lendo nas situações mais convenientes, destaco
sobretudo dois contributos, o de Luís Carlos Patraquim e uma correspondência
sobre as interpretações do passado entre Mia Couto e José Eduardo Agualusa.
O primeiro fará as delícias de alguns amigos que
ou tiveram uma experiência em Moçambique ou lá alimentam vivências renovadas,
como são o João Pedro Matos Fernandes e o Fernando Carvalho. O escrito de
Patraquim traz-nos uma das frases mais belas que alguma vez encontrei na
literatura: “Mesmo na noite mais escura a mão encontra sempre a boca”.
É o mote que vos deixo, cansado de duas viagens e
na expectativa de uma Quadratura do Círculo bem forte atendendo ao momento.
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