(Richard Koo)
O Banco Nacional da Áustria organiza regularmente
uma conferência anual e a de 2014 (24 de novembro de 2014) constituiu um
excelente repositório do debate atual sobre o estado da integração económica
europeia e sobretudo sobre a sua incipiente política macroeconómica.
A conferência deste ano teve o privilégio de
contar sobretudo com três intervenções marcantes: a de Bradford DeLong com uma
interpretação gerada do lado de lá do atlântico sobre as interrogações que a
integração europeia enfrenta (apresentação aqui), a de Lars E.O. Svenson com uma
claríssima e bem útil diferenciação entre o papel da política monetária e da
política de estabilização financeira (conceitos muitas vezes confundidos)
(apresentação aqui) e a de Richard Koo com a invocação dos traumas da situação
macroeconómica japonesa para entender os dilemas da abordagem europeia à crise
(PDF aqui).
Destes contributos, queria sobretudo destacar o
contributo do economista japonês da NOMURA que, como já aqui várias vezes
referi neste blogue, é autor de uma das mais estruturadas explicações da crise
de 2007-2008 e dos fatores que têm explicado as dificuldades em atingir uma
recuperação à altura das expectativas, explicação que é conhecida por “recessão
de balanço” (balance sheet recession)
(ver posts de 27.12.2011, há quanto tempo) (aqui), 14.04.2012 (aqui), 12.06.2013 (aqui)e 06.09.2014 (aqui).
As evidências que Koo apresenta sobre as
barreiras inibidoras da transformação da liquidez injetada por via do
crescimento dos balanços dos bancos centrais em oferta de moeda e crédito à
economia adquirem agora com o tempo uma expressão ainda mais gigantesca. E, de
facto, quando famílias, empresas e estado corrigem em simultâneo endividamento
passado a situação só poderia ser recessiva. É esta evidência que se tornou absurdamente
difícil de fazer passar, reclamando uma gestão macroeconómica global que, neste
momento, a economia mundial, imaginemos que representada pelo G20, não é capaz
de assegurar.
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