quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A ESQUERDA EUROPEIA AOS REPELÕES?



Está por demais referenciada, e até consensualizada, a questão da difícil situação com que crescentemente se vai deparando a social-democracia e a esquerda europeia em geral. Por razões históricas ou de mudança de contexto global, por razões táticas ou de cedência colaboracionista, por razões estratégicas ou falta delas, não me importa agora. Porque o que aqui venho assinalar é uma deriva surgida no interior do “Die Linke” alemão, um partido que nasceu largamente de uma cisão do SPD (designadamente pela mão de Oskar Lafontaine, que foi secretário-geral do SPD e ministro das Finanças em finais do século XX) e que é o quinto mais representado no Bundestag (69 deputados, equivalentes a 9,2% dos assentos parlamentares), no sentido de uma assunção consciente de um posicionamento anti migrantes nas linhas de orientação política a privilegiar. Tal deriva deu já lugar à criação de um novo movimento interpartidário (“Aufstehen”, o que significa “de pé”), liderado pela mulher de Lafontaine (Sahra Wagenknecht, nas imagens acima). A esquerda a correr desesperadamente atrás dos eleitores que o populismo de extrema-direita vai captando e fidelizando ou algo mais estruturadamente pensado e com algum sentido e viabilidade? Pessoalmente, temo bem que a realidade esteja mais do lado da primeira do que da segunda hipótese, até pela evolução de endurecimento a que também se vai assistindo na esquerda sueca à boleia do processo eleitoral em curso e à medida que as sondagens se lhe vão mostrando gradualmente menos favoráveis – em todo o caso, brevemente teremos base para uma análise mais objetiva.

(Joachim Tiedemann, “Tiede”, https://www.toonpool.com)

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