segunda-feira, 17 de setembro de 2018

AINDA NO RASTO DO TRAÇO DE EL ROTO

(El Roto, El País)


(A febre dos diplomas de mestrado e doutoramento que assola a política espanhola terá provavelmente uma explicação que não estará ainda disponível nas suas dimensões mais rigorosas. Será isto apenas uma deriva da Europa do sul? E a interrogação subsiste: se cavarmos mais profundamente no território nacional será que mais minhocas irão ser descobertas para além dos casos já detetados?.)

O meu colega de blogue já se encarregou de registar o caso no quadro das perplexidades que os tempos políticos de hoje nos têm suscitado. A política espanhola, presa como sabemos por tantas pontas soltas e frágeis, tem mais uma a condicionar os seus equilíbrios. Depois do caso Cifuentes, eis que a luta política entre o PSOE e o PP parece suspensa das nuvens que emergiram sobre os diplomas dos seus líderes, por motivos diferentes é verdade, mas ambos relacionados com a consistência dos seus diplomas e com as condições que os tornaram possíveis.

A atração pelo abismo de diplomas construídos sabe-se lá com que bases de sustentação parece estar na razão direta da insegurança de lideranças jovens, como Sánchez e Casado. Essa segurança leva-os a procurar mais nos seus diplomas do que nas propostas e ideias que têm para apresentar aos seus eleitorados a validação que precisam, que a vida profissional anterior à experiência política (se é que a tiveram) que assumiram não lhes pode assegurar.

Mas a epidemia suscita também a degenerescência da base moral de algumas instituições universitárias que, sem mecanismos de regulação e fiscalização internas convincentes, parecem aderir ao jogo, procurando elas próprias uma forma de validação exterior à que deveria resultar da qualidade da sua formação e do papel interventivo na vida da sociedade e na resolução dos seus principais problemas com base no conhecimento e na investigação.

Claro que perante tantos buracos, nada melhor do que o traço impiedoso de El Roto para denunciar a situação.

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