(El Roto, El País)
(A febre dos diplomas de mestrado e doutoramento que
assola a política espanhola terá provavelmente uma explicação que não estará
ainda disponível nas suas dimensões mais rigorosas. Será isto apenas uma deriva da Europa do sul? E a
interrogação subsiste: se cavarmos mais profundamente no território nacional
será que mais minhocas irão ser descobertas para além dos casos já detetados?.)
O meu colega
de blogue já se encarregou de registar o caso no quadro das perplexidades que os
tempos políticos de hoje nos têm suscitado. A política espanhola, presa como
sabemos por tantas pontas soltas e frágeis, tem mais uma a condicionar os seus
equilíbrios. Depois do caso Cifuentes, eis que a luta política entre o PSOE e o
PP parece suspensa das nuvens que emergiram sobre os diplomas dos seus líderes,
por motivos diferentes é verdade, mas ambos relacionados com a consistência dos
seus diplomas e com as condições que os tornaram possíveis.
A atração
pelo abismo de diplomas construídos sabe-se lá com que bases de sustentação
parece estar na razão direta da insegurança de lideranças jovens, como Sánchez
e Casado. Essa segurança leva-os a procurar mais nos seus diplomas do que nas
propostas e ideias que têm para apresentar aos seus eleitorados a validação que
precisam, que a vida profissional anterior à experiência política (se é que a
tiveram) que assumiram não lhes pode assegurar.
Mas a
epidemia suscita também a degenerescência da base moral de algumas instituições
universitárias que, sem mecanismos de regulação e fiscalização internas
convincentes, parecem aderir ao jogo, procurando elas próprias uma forma de
validação exterior à que deveria resultar da qualidade da sua formação e do
papel interventivo na vida da sociedade e na resolução dos seus principais
problemas com base no conhecimento e na investigação.
Claro que
perante tantos buracos, nada melhor do que o traço impiedoso de El Roto para
denunciar a situação.
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