terça-feira, 4 de setembro de 2018

E AGORA LUÍS?



(A acusação da SAD do SLB e do funcionário Paulo Gonçalves no caso E-toupeira vem destruir a imagem de modernidade que pensava emergir no clube-empresa Benfica. Dá que pensar ver gestores reconhecidos como Soares Oliveira e Nuno Gaioso envolvidos nesta trama por via da SAD que dirigem. O afundanço em cesto próprio de Luís Filipe Vieira era uma crónica anunciada. Afinal não passava por ele a imagem de modernidade. Só o futebol como está organizado em Portugal poderia conceder a notoriedade que alcançou a um personagem como o presidente do Benfica. Siga para tribunal e doa a quem doer.)

Já defendi neste blogue e sendo um velho adepto do SLB que o futebol português, pelo menos no seu topo, pode ser interpretado como uma tensão permanente entre sinais de modernidade e de velha tradição conspirativa no grau zero da gestão e da transparência. Defendi também que o meu clube era uma representação exemplar dessa tensão. Testemunhos de gente insuspeita e sem pendor para a irracionalidade desportiva avançaram-me que Soares Oliveira gestor da SAD e também Nuno Gaioso que conhecia de outros contactos eram evidências de modernidade na gestão benfiquista. Por sua vez, Luís Filipe Vieira representava com o seu particular entorno e postura arrogante o que restava do bafio futeboleiro em Portugal, afinal a via (mais o desvario bancário nacional) que lhes tinha permitido alcançar uma notoriedade que em nenhum outro negócio decente e sujeito a regras de mercado teria sido impossível. Só no quadro dessa tensão se poderia compreender a aparente curva de aprendizagem de Luís Filipe Vieira, não tão evidente como isso, como haveríamos de confirmar.

Quem conhece minimamente o trajeto profissional de Paulo Gonçalves rapidamente se apercebia que não era por ali que passaria a modernidade da gestão. Espanta-me que gente como Soares de Oliveira e Nuno Gaioso não tenham cortado cerce pela raiz o problema e, à mínima revelação do processo que haveria de chegar à fase de hoje, não tivessem colocado de quarentena tal personagem. Pelo contrário, LFV fez questão por repetidas vezes de mostrar que PG era um funcionário de confiança, aparecendo a seu lado como que a enviar uma mensagem para a opinião pública: no pasa nada. Os burros e ignorantes são regra geral muito teimosos, têm o rei na barriga e seria interessante saber e analisar quem lhes criou tal sensação de impunidade.

Não faço a mínima ideia se Soares Oliveira e Nuno Gaioso conseguirão com os seus advogados demonstrar que a impunidade ofensiva de Paulo Gonçalves não contaminou nem passou pelas decisões da SAD. O que parece evidente é que o ciclo de LFV terá chegado ao fim, o que seria bom para fechar um ciclo de país e de clube e deixá-lo entretido a tentar saldar as suas dívidas bancárias. Mas oxalá me engane mas o que parece é que Vieira vai ao fundo e leva com ele os tais sinais de modernidade de gestão. Lá se vai a minha tese da tensão acima referida. Mas há situações que só um processo de destruição criadora é capaz de tornar o ambiente mais respirável. Schumpeter não percebia nada de futebol e compreendeu-o melhor do que ninguém.

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