(A acusação da SAD do SLB e do funcionário Paulo
Gonçalves no caso E-toupeira vem destruir a imagem de modernidade que pensava
emergir no clube-empresa Benfica. Dá que pensar ver gestores reconhecidos como Soares Oliveira
e Nuno Gaioso envolvidos nesta trama por via da SAD que dirigem. O afundanço em
cesto próprio de Luís Filipe Vieira era uma crónica anunciada. Afinal não
passava por ele a imagem de modernidade. Só o futebol como está organizado em
Portugal poderia conceder a notoriedade que alcançou a um personagem como o
presidente do Benfica. Siga para tribunal e doa a quem doer.)
Já defendi
neste blogue e sendo um velho adepto do SLB que o futebol português, pelo menos
no seu topo, pode ser interpretado como uma tensão permanente entre sinais de
modernidade e de velha tradição conspirativa no grau zero da gestão e da
transparência. Defendi também que o meu clube era uma representação exemplar
dessa tensão. Testemunhos de gente insuspeita e sem pendor para a
irracionalidade desportiva avançaram-me que Soares Oliveira gestor da SAD e
também Nuno Gaioso que conhecia de outros contactos eram evidências de modernidade
na gestão benfiquista. Por sua vez, Luís Filipe Vieira representava com o seu
particular entorno e postura arrogante o que restava do bafio futeboleiro em Portugal,
afinal a via (mais o desvario bancário nacional) que lhes tinha permitido alcançar
uma notoriedade que em nenhum outro negócio decente e sujeito a regras de
mercado teria sido impossível. Só no quadro dessa tensão se poderia compreender a aparente curva de aprendizagem de Luís Filipe Vieira, não tão evidente como isso, como haveríamos de confirmar.
Quem conhece
minimamente o trajeto profissional de Paulo Gonçalves rapidamente se apercebia que
não era por ali que passaria a modernidade da gestão. Espanta-me que gente como
Soares de Oliveira e Nuno Gaioso não tenham cortado cerce pela raiz o problema
e, à mínima revelação do processo que haveria de chegar à fase de hoje, não
tivessem colocado de quarentena tal personagem. Pelo contrário, LFV fez questão
por repetidas vezes de mostrar que PG era um funcionário de confiança,
aparecendo a seu lado como que a enviar uma mensagem para a opinião pública: no pasa nada. Os burros e ignorantes são
regra geral muito teimosos, têm o rei na barriga e seria interessante saber e
analisar quem lhes criou tal sensação de impunidade.
Não faço a mínima
ideia se Soares Oliveira e Nuno Gaioso conseguirão com os seus advogados demonstrar
que a impunidade ofensiva de Paulo Gonçalves não contaminou nem passou pelas
decisões da SAD. O que parece evidente é que o ciclo de LFV terá chegado ao
fim, o que seria bom para fechar um ciclo de país e de clube e deixá-lo entretido
a tentar saldar as suas dívidas bancárias. Mas oxalá me engane mas o que parece
é que Vieira vai ao fundo e leva com ele os tais sinais de modernidade de gestão.
Lá se vai a minha tese da tensão acima referida. Mas há situações que só um processo
de destruição criadora é capaz de tornar o ambiente mais respirável. Schumpeter não percebia nada de futebol e compreendeu-o melhor do que ninguém.
Sem comentários:
Enviar um comentário