terça-feira, 28 de maio de 2013

A NOVA LINHA DIVISÓRIA



Tal como ontem previ, a carta aberta de Reinhart e Rogoff (R&R) a Krugman fez emergir uma nova linha divisória no debate em torno da melhor solução para resolver a crise das dívidas soberanas e sobretudo a gravosa situação das economias do sul.
Essa linha divisória deixou de ser a de sim ou não à austeridade pela austeridade, pois R&R abandonaram essa trincheira.
A questão está agora mais clara entre os que ousam debater esta questão.
De um lado, R&R propondo anulação de dívida nas economias do sul e capacidade dos alemães em injetar capital na sua banca mais exposta a essa possibilidade, defendendo complementarmente a continuidade de uma política monetária expansionista por parte do BCE.
Do outro lado, Krugman e DeLong, liderando um vasto movimento, propondo no sul algum alívio das exigências de austeridade desejavelmente acompanhado de políticas de competitividade e no norte, particularmente na Alemanha, um estímulo fiscal gerador de subida de salários e de incremento de importações a partir do sul, contribuindo assim para gerir o desequilíbrio norte-sul no interior da zona euro e reduzir o gap de competitividade a ele associado.
Porém, convém não ignorar que ambos os blocos do debate esquecem que sem Alemanha cooperante não há saída para qualquer um dos lados da barricada. O estímulo fiscal procíclico de Krugman e DeLong não goza das preferências alemãs, permanecendo apenas a interrogação de saber se essa negação é estrutural ou se o resultado das eleições de setembro pode amenizar essa posição. Por outro lado, as teses de R&R esbarram também com a desconfiança alemã: o alívio da austeridade parece problemático e anulação da dívida com injeção de capital adicional na banca mais exposta constitui uma miragem. Para além disso, mesmo a política monetária expansionista do BCE conta com a oposição sistemática do Bundesbank.
Moral da história: o lio persiste, mas não envolvam a ciência económica na sua justificação, pelo menos a mais esclarecida. Outros valores e teimosias o explicam.

Sem comentários:

Enviar um comentário