“NO” é um filme político ou um filme sobre o poder do marketing nas sociedades contemporâneas? As duas coisas, em bom rigor. Por um lado, e na palavra do seu realizador (Pablo Larraín): “A história da sua derrota [Pinochet] é um verdadeiro épico – não um épico imaginário, saído da cabeça de um argumentista, mas um épico que realmente aconteceu”. Por outro lado, e na palavra do crítico de cinema Jorge Mourinha: “E a exploração interligada do público e do pessoal vai bem mais longe, apontando o momento da história do Chile em que a política transbordou da área exclusivamente cívica e moral para se tornar em disciplina de marketing, mensagem articulada de acordo com um contexto social e feita à medida de um país que está finalmente preparado para a receber”.
Juntam-se a convincente interpretação de Gael García Bernal (“ao mesmo tempo, assombrosamente talentoso e extraordinariamente misterioso”) e a curiosidade de uma opção deliberada por uma definição de imagem pobre mas realista (“visualmente coerente com as imagens de arquivo que usámos abundantemente”). Sendo que o mais fascinante do filme está na forma como aviva em nós o papel que “a alegria” desempenhou enquanto produto melhor ajustado ao tempo e ao lugar, isto é, na forma precursora como faz ressaltar a assimilação entre a democracia e “a cópia da cópia da cópia”, o início de um caminho de crescente desideologização dos códigos comunicacionais associados às campanhas políticas.
Vá ver, caro leitor, porque já não irá estar nas salas por muito mais tempo…
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