quarta-feira, 8 de maio de 2013

DEO GRACIAS


Não pretendo mergulhar na análise desse já tão falado “Documento de Estratégia Orçamental 2013-2017” que o Ministério das Finanças construiu e o Governo aprovou. Ao que dizem alguns entendidos, uma magistral peça da melhor ciência económica vista pelo lado das finanças públicas – o que quer que isso realmente possa ser…

O meu objetivo é mais modesto e ele é, tão só, o de registar aqui uns pequenos detalhes que mais podem chamar a atenção de um cidadão menos prevenido. Sendo que tudo se reconduz, no essencial, a duas matérias: os pressupostos subjacentes ao modelo de previsão macroeconómica, por um lado, e a gestão eleitoralista da política económica, por outro.

Dou dois exemplos. Primeiro: 2013 já vai quase a meio, não há sinais de crescimento no horizonte, o desemprego explode, o consumo das famílias cai acentuadamente e até o motor das exportações plissa à conta de uma Europa em recessão; alguns meses mais adiante, mudará o ano e o que aí vem trará repentina e milagrosamente outra realidade, em que o menos se transforma em mais e o pouco em muito, uma realidade que parece, aliás, que virá para ficar. Segundo: devidamente suportado pelo feitiço de 2014, o ano de 2015 – que, em condições de normalidade, terá eleições legislativas – não só conhecerá números interessantes no que toca à economia (crescimento, consumo, exportações) como será também aquele em que a reforma do Estado menos exigirá aos portugueses (700 milhões de euros, após 2800 no ano imediatamente precedente).

Não fosse o caso de a passagem do tempo nos ir envelhecendo, seria caso para desejarmos que tão promissores tempos pudessem chegar depressa…

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