(Tiago Albuquerque, http://www.ionline.pt)
“Chegou o momento do investimento” a abrir. “Por favor tomem nota: este é o momento do investimento” a fechar. Assim veio hoje decretar o ministro das Finanças, no mesmíssimo dia em que se iria conhecer a execução orçamental dos primeiros quatro meses (com défice 600 milhões de euros acima em relação ao período homólogo de 2012), um mês depois da apresentação da estratégia de crescimento de Álvaro, três meses depois de ter declarado que “a prioridade daqui para a frente é consolidar a estabilidade, aprofundar a transformação estrutural e garantir o crescimento sustentado e criador de emprego”, um ano depois de ter dito acreditar que “o Governo poderá ter condições para fazer uma ‘redução da tributação’ quando a despesa pública tiver caído o suficiente”…
Até aqui, pouco de novo em relação ao consabido défice de consistência política do Governo e do seu principal inspirador. Que há imaturidade e desnorte, parece manifesto. Que não há meio de os números baterem com a maldita realidade, também. Que estamos numa irresponsável corrida contra um tempo a que alguns já chamam de “pós-troika”, decerto.
Já bem mais inesperado terá sido o facto de Gaspar ter sentido a necessidade de descer ao ponto de se prestar, ele próprio, a um tão rasteiro exercício de propaganda. E pior, porque ainda mais pungente, assistir à humilhante cedência à vulgata com que um académico sempre rigoroso veio falar de investimento. Algo que era suposto decorrer de um adequado exercício da função empresarial e não de apressados e imprevisíveis estímulos governamentais, algo que era suposto estar relacionado com a substância intrínseca à estratégia e não com os “choques súbitos” a que de manhã se referira Moedas, algo que era suposto pressupor horizontes de estabilidade e não imediatismos de oportunidade.
Quando chegará a Primavera?
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