domingo, 26 de maio de 2013

A RAIZ DO PROBLEMA


Entre as sequelas da controvérsia suscitada pelas teses de Reinhart-Rogoff, que tem dominado a blogosfera económica do último mês, avultam algumas conclusões que importa assinalar como ideias relevantes para compreender, entre outras coisas, a situação periclitante de toda a zona euro. 

A primeira ideia a reter é que, ao contrário do que algumas presenças peregrinas nesse debate têm feito passar, não está em causa a relação descendente entre peso da dívida pública no PIB e crescimento económico. Ela parece suficientemente revelada em todos os ensaios quantitativos sobre o problema. A questão relevante é a pretensa existência de um limiar (os malfadados 90% de peso da dívida pública no PIB) e a presunção de que qualquer aumento da dívida acima desse limiar gera quebra de crescimento. Hoje parece suficientemente claro que não existe esse limiar e que a presunção de que aumentos da dívida acima desse limiar geram necessariamente quebra de crescimento. O problema da dupla causalidade não pode ser ignorado. O aumento do peso da dívida pode ser provocado pela persistência de tendências recessivas e não o contrário. Bradford DeLong tem uma boa abordagem ao assunto. 

A segunda ideia é a evidência hoje inequívoca de que os países do coração da zona euro não estão a assumir o papel que lhes compete em simultâneo com o ajustamento da economia do sul. O gráfico de Krugman que abre este post é elucidativo dessa questão. A evolução média da despesa real primária nos períodos pós- recessões de 1975, 1982 e 1991 é mais elevada do que a observada na presente crise. E as evidências não enganam.

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