Poderia estar eventualmente a saudar o regresso
do Beaujolais Nouveau mas não é tempo para isso. Na sequência da já aqui
referida preciosa entrevista entrevista de Eduardo Lourenço ao suplemento do Público
de domingo, na qual a americanização da Europa foi amplamente discutida, o Libération
de hoje anuncia que a França vai adquirir dois Reaper americanos, drones que os
franceses utilizarão para missões de controlo, não armadas, mas que
observadores internos referem que mais tarde ou mais cedo serão utilizados para
guerra armada replicando o modelo americano.
A controvérsia nos Estados Unidos está lançada há
algum tempo, sobretudo pela utilização de drones armados para assassínios
seletivos de alvos identificados com o terrorismo. Sabe-se que a administração
americana é obrigada a comunicar ao Congresso as operações concretas
realizadas, mas a comunicação ao público está proibida.
Há hoje uma literatura viva sobre as questões
morais e jurídicas suscitadas pela utilização de drones armados, acionados à
distância em regime de teletrabalho e em resultado da qual a relação de
reciprocidade que a guerra implica é completamente adulterada, revolucionando
radicalmente o próprio conceito de guerra.
Por agora, os “drones sont arrivés en France” apenas para missões de controlo, num
quadro em que a indústria francesa não conseguiu entender-se para produzir tais
equipamentos. Mas é bem provável que também tenhamos a prazo a americanização da própria
guerra. A tese de Eduardo Lourenço está viva.
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