segunda-feira, 20 de maio de 2013

LES DRONES AMÉRICAINS SONT ARRIVÉS



Poderia estar eventualmente a saudar o regresso do Beaujolais Nouveau mas não é tempo para isso. Na sequência da já aqui referida preciosa entrevista entrevista de Eduardo Lourenço ao suplemento do Público de domingo, na qual a americanização da Europa foi amplamente discutida, o Libération de hoje anuncia que a França vai adquirir dois Reaper americanos, drones que os franceses utilizarão para missões de controlo, não armadas, mas que observadores internos referem que mais tarde ou mais cedo serão utilizados para guerra armada replicando o modelo americano.
A controvérsia nos Estados Unidos está lançada há algum tempo, sobretudo pela utilização de drones armados para assassínios seletivos de alvos identificados com o terrorismo. Sabe-se que a administração americana é obrigada a comunicar ao Congresso as operações concretas realizadas, mas a comunicação ao público está proibida.
Há hoje uma literatura viva sobre as questões morais e jurídicas suscitadas pela utilização de drones armados, acionados à distância em regime de teletrabalho e em resultado da qual a relação de reciprocidade que a guerra implica é completamente adulterada, revolucionando radicalmente o próprio conceito de guerra.
Por agora, os “drones sont arrivés en France” apenas para missões de controlo, num quadro em que a indústria francesa não conseguiu entender-se para produzir tais equipamentos. Mas é bem provável que também tenhamos a prazo a americanização da própria guerra. A tese de Eduardo Lourenço está viva.

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