Eduardo Paz Ferreira foi o autor da ideia e coordenou o livro “Troika – Ano II”, posto à venda no dia em que se cumpriram dois anos sobre a assinatura do Memorando de Entendimento celebrado entre Portugal e a Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) e reunindo o contributo de “um conjunto de personalidades de várias gerações, sensibilidades políticas e formações profissionais” no sentido de avaliarem uma Troika que “não presta contas a ninguém” e de olharem para o futuro de Portugal.
Um calhamaço de seiscentas páginas que justifica bem uma visita de algumas horas. Apenas para aguçar o apetite, abaixo transcrevo com a devida vénia um “impressivo” excerto do escrito do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa:
“A segunda magna questão [suscitada pelo segundo ano de Troika em Portugal] é a da Soberania. Na verdade, não é a primeira vez que Portugal pede ajuda externa. Tem acontecido várias vezes ao longo da nossa história. Só que é a primeira vez que o faz integrado numa União Político-Económica-Monetária que, ainda por cima, é de natureza jurídica indefinida, híbrida, incerta. Pode afirmar-se que o facto de pertencermos a essa União nos faz ter mais deveres e menos direitos do que em assistências externas anteriores.
Estão por estudar os termos da inédita limitação de soberania que vigora em Portugal desde há dois anos. Juridicamente, historicamente, patrioticamente, o que se tem passado é algo que representará um período muito específico e muito marcado nos manuais escolares que os alunos dos tempos vindoiros estudarão.
Por coincidência, neste tempo de contração da nossa soberania, o Presidente da Comissão Europeia é Português mas, de resto, nenhum dos membros da Entidade que superintende sobre a governação de Portugal dá sinais, sequer, de qualquer esforço de aprendizagem e de expressão da Língua Portuguesa. Não comparando, Filipe II de Espanha, I de Portugal, tinha ascendência Portuguesa, sabia exprimir-se na nossa Língua, conhecia os nossos usos e costumes.
Nessa época, a usurpação dos nossos poderes por estrangeiros foi de razões de descendência. Não havia ninguém com mais direitos de sucessão ao trono Português do que o sucessor do Rei de Espanha, neto de D. Manuel I, Rei de Portugal.
Aqui os laços não são de sangue. Resultam de Tratados Internacionais que nunca supusemos nos pudessem conduzir a uma situação como aquela que atravessamos.”
Até tu Santanus?
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