O The Economist desta semana chama sonâmbulos aos líderes europeus por adiarem
decisões importantes e por não assumirem frontalmente as maleitas do euro só
artificialmente diferidas pela decisão de Draghi em chegar-se à frente,
proclamando fazer o que for necessário para preservar o euro do seu colapso. Invoca
para isso que os contágios entre os problemas bancários e os das dívidas
soberanas estão aí e não resolvidos, que a zona euro permanece pelo seu sexto
trimestre sucessivo em recessão e os níveis alarmantes do desemprego juvenil. O
The Economist não é nenhuma revista
radical. O seu pronunciamento tem por isso outro significado.
Noutro plano, dois artífices da construção
europeia, Gerhard Schrӧeder e Jacques Delors, num artigo publicado pelo El País,“Democracia, nuevo empleo y crecimiento”,
vêm defender que não deixar de haver uma forte correlação entre a vontade de
fazer reformas estruturais e a vontade de assumir a solidariedade no contexto
europeu. E o combate ao desemprego juvenil é visto como um espaço crucial para
o exercício dessa solidariedade, sobretudo num contexto em que essa taxa é
inferior a 8% na Alemanha. Ideias simples, diretas, amadurecidas, vindas de
quem viveu o processo por dentro, tem memória e sabe que as relações de força não
foram sempre as mesmas.
Noutras paragens, uma notícia transporta-nos para outras paragens, para os subúrbios de Estocolmo, umas das minhas cidades
favoritas, em que viveria apesar do excesso de branco. Os motins de Husby
questionam o caráter inclusivo do modelo sueco e despertam os fantasmas da não
integração e da desigualdade larvar que pode ser a futura destruição dos
fundamentos do modelo social sueco. A descontrolada transformação de protestos
em motins é preocupante, anuncia uma Suécia oculta, prenuncia que nem o modelo
escandinavo escapará imune à globalização da população migrante.
Apesar da Suécia não integrar a zona euro, porque
será que a minha intuição me diz que entre os dois artigos e esta notícia há um
nexo?
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