Os tempos vão como vão e Rui Rio, ufano e
glorioso, declara que não se lembra de ver um Porto unido desta forma tão
transversal. Guiados pela sua (de Rio) clarividência orientadora, um grupo de
notáveis dá o nome e a cara pelo que Rio considera um ato inqualificável do
governo atual, esbulhando em seu entender a “sua” SRU de cerca de 2,4 milhões
de euros e pelos vistos comprometendo a reabilitação urbana do Porto.
Já aqui referi repetidas vezes que num contexto
como aquele em que nos encontramos, a clarividência política manda que o foco
da crítica e desmontagem da ação governativa não deve estar no Porto, Lisboa,
Braga ou outro sítio qualquer. O foco deve estar na crítica feroz, permanente,
sistemática ao core da ação governativa, à sua incompetência, às suas contradições
e ao desrespeito contínuo para com a população portuguesa que vive as agruras
do desconchavo da política económica governamental. Ora, deste grupo de notáveis
enxergar alguma voz grossa sobre o desconchavo atual da governação é tarefa inglória
(talvez com a exceção de Silva Peneda).
Aliás, cheira-me que esta questão da SRU tal como
está colocada (e não está em causa que Rio possa ter razão no não cumprimento de
promessas governamentais quanto à SRU e seu financiamento) é um bom alibi para
esconder o falhanço total da estratégia de reabilitação urbana protagonizada
pelos sucessivos mandatos de Rio à frente do município. Falhanço que começa por
ter ignorado e destruído tudo o que havia de experiência de abordagem integrada
à questão da reabilitação urbana no Porto, reduzindo praticamente a zero a
dimensão social da reabilitação. Não me consta que este grupo de notáveis que
se agrupa em torno do registo reivindicativo nortenho de Rui Rio (ao que nós
chegámos!) tenha alguma perspetiva que se veja sobre o falhanço da estratégia
que certamente não seriam os 2,4 milhões de euros a evitar. Há sim o
branqueamento mais acéfalo de uma gestão municipal que não ficará para a história
da cidade e que incomoda tanto os que se perfilam em torno do pretenso herdeiro
dos mandatos de Rio (também Rui, mas Moreira). Muito provavelmente, este grupo
de notáveis se colocado perante o primeiro-ministro iria polidamente invocar as
agruras das suas quintinhas e quedar-se-ia por aí na sua intervenção crítica.
Como dizia uma colega minha há dias, não levaria
um turista amigo a visitar o interior do quarteirão das Cardosas, uma boa
ilustração do que tem sido a reabilitação urbana obreirista do consulado Rui
Rio. E não queiram por isso disfarçar com as desgraças da SRU.
Métodos bafientos que dizem bem do estado
cultural e cívico da Cidade.
O que dirá Pizarro sobre isto?
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