segunda-feira, 6 de maio de 2013

GANAPADA



Tinha um post preparado sobre a exposição da Joana Vasconcelos em Lisboa num contraponto sugestivo entre a sua imaginação e os ambientes da realeza portuguesa dos fins da monarquia que nunca tinha visitado e que me seduziu bastante.
Mas o contacto de novo com a realidade informativa, comunicação de Paulo Portas enquanto líder do outro partido da coligação e comentadores de fim de domingo levam-me a abandonar esse projeto para dar largas à minha fúria de “blogger”. E a melhor expressão que encontro para descrever essa fúria é chamar a tudo isto uma verdadeira ganapada. O desplante com que se joga com o futuro e situação dos portugueses está a pedir uma reação do tipo anarquista. Da intervenção de sexta-feira à noite do primeiro-ministro para a de Paulo Portas, com toda a série de notícias vertidas para os jornais durante o fim de semana, os portugueses e sobretudo os reformados e pensionistas ou candidatos a tal viram-se transformados em joguetes, ora com mais uma contribuição de solidariedade, ora sem ela, ora com reformas em pleno aos 67 ou aos 66. E não ficaremos por aqui, seguramente. É inacreditável como a decomposição do governo e da maioria é transposta para o plano da comunicação pública, mas não uma comunicação qualquer, mas antes a publicitação de notícias e decisões que mexem estruturalmente com o rendimento disponível líquido de grupos bem determinados da população portuguesa. Mas que raio de interlocução terão os representantes da TROIKA esta semana nas conversas/negociações com o Governo?
Já me tinham chegado aos ouvidos, via meios de Bruxelas e não foram do Parlamento Europeu, ecos de que funcionários da Comissão Europeia com assento técnico nas negociações com o Governo Português terão ficado de boca aberta com as posições manifestadas pela delegação governamental de ampla e completa aceitação das propostas de cortes salariais e de pensões e de profundas reticências e resistências sobre os aspetos das rendas de PPP e de contratos nos domínios da energia e telecomunicações. Tais reações são coerentes com o que se vai ouvindo.
Mas agora em que a divisão no seio do governo já ultrapassou o confronto PSD versus CDS-PP para atingir o próprio PSD em rebelião aparente com a “schaublemania” de Gasparinho, é difícil imaginar que interlocução terá esta semana a TROIKA.
Que esta gente não era de confiança já tinha aqui concluído. Mas ganapada no governo já ultrapassa toda a imaginação, mesmo a mais doentia.

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