domingo, 12 de maio de 2013

O PIOR DA SEMANA



A ressaca desportiva? Poderia ser mas não a considero como tal. O pior da semana é sem sombra de dúvidas a fragilidade do estado de direito em Portugal, revelada na sequência dos apertos e desacertos que o fecho da sétima avaliação da Troika introduziu na política interna. A impunidade com que se joga com as expectativas dos cidadãos, especialmente funcionários públicos e pensionistas, atingiu os limiares do desvario, com jogos de sombras e palavreado para ninguém ficar em cheque, nem governo nem instituições representadas na Troika. Aparentemente Paulo Portas entra como leão e sai como sendeiro, mas tudo isto cheira a um faz de conta para ninguém ficar chamuscado e a cegueira europeia não ter que arrepiar caminho. A sensação de impotência total perante o dictat do resgate valeu hoje a Vasco Pulido Valente uma das mais amargas crónicas sobre a desgraça endémica nacional e o pior é que me revejo nessa amargura.
A partir desta situação de incomodidade doentia, para que o PS possa perfilar-se como alternativa e justificar voto útil na criação de um novo rumo a questão não é programática. Basta ser claro em relação ao que fará se for maioria de governo, percorrendo um por um os desvarios de governação que, um após outro, se perfilam perante os portugueses, cujo rendimento disponível futuro tem variado e oscilado à medida das medidas, pseudomedidas, preparações de medidas, hipóteses de trabalho, intenções para Troika ver e outros desvarios. Porque se não for claro e a ambiguidade persistir, então a opção entre as forças políticas do chamado arco da governação e as restantes deixa de fazer sentido, porque face ao que isto chegou só de facto resultados eleitorais de rutura poderão produzir algum efeito que se veja. Há momentos em que a catarse é necessária.
A fotografia de Nuno Ferreira Santos que o Público on line escolhe para acolher os resultados do conselho de ministros extraordinário de hoje, onde sobressai a aceitação condicional do CDS de uma taxa de sustentabilidade sobre as pensões, invadindo o princípio constitucionalmente sagrado da não retroatividade, é uma boa alegoria do que está a passar-se na maioria. Entretanto, o homem de Boliqueime estará a chá e torradas, revendo-se na sua própria impotência de intervenção.
Pelas notícias de hoje, Gasparinho estará de velas prontas para rumar para Bruxelas. Depois de ter escacado o suficiente, acenam-lhe com a possibilidade de ser retribuído ao mais alto nível. Parece que pegou a moda iniciada com Constâncio.

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