sexta-feira, 17 de maio de 2013

NÃO DURA SEMPRE…



Irra que chegamos sempre atrasados! Desta vez, quando por cá quase parecia que tínhamos conseguido uma imensa consensualização dos malefícios da austeridade – os renitentes sobrantes já se limitam a pouco mais do que Gaspar, Passos, Moreira da Silva, Montenegro e famílias, para além de Cavaco às terças, quintas e sábados – e quando crescentemente se vão ouvindo demarcações impensáveis da boca de tantos ilustres – a última declaração de desalinhamento veio de João César das Neves, personalidade que ontem confessou com religiosidade que “a obsessão financeira que a Alemanha está a ter estará a ser um bocadinho exagerada” –, eis senão quando são os próprios alemães a virem baralhar e dar de novo sobre o tema.

O António Figueiredo já aqui comentou seriamente o facto, recorrendo para tal a um artigo que teve chamada de capa no “Público”. A questão é esta: afinal, Berlim é essencialmente crítica da “austeridade das troikas” e o verdadeiro culpado do péssimo estado de coisas atual é muito simplesmente o nosso compatriota Durão, na medida em que se revelou sem “capacidade para gerir a saída da crise” ou para “assegurar as novas responsabilidades que a zona euro terá de assumir para sobreviver” ou para liderar devidamente uma Comissão que é acusada de rigidez quanto a uma possível utilização dos fundos estruturais para potenciar o crescimento e de ortodoxia quanto a uma possível flexibilização das regras associadas à política de concorrência europeia.

Dou-me então a pequenos luxos de prospetiva e forma. Porque tudo leva a crer que estamos perante um despedimento com justa causa feito em praça pública e que ele nos irá certamente trazer Durão de volta à terrinha e a ambições presidenciais que nunca disfarçou. E porque, não obstante, Angela não deixa de ser uma “chefa” de rosto humano e consta que até já prepara a entrega ao Zé Manel de um belo ramo de flores de despedida para lhe exprimir a sua vontade de por uma pedra sobre o assunto e de concretizarem uma separação sem qualquer vestígio de ressentimentos. Assim acabam os funcionários acefalamente obedientes, zelososamente cumpridores e ambiciosamente bajuladores...

Sem comentários:

Enviar um comentário