domingo, 26 de maio de 2013

O MELHOR DA SEMANA



António Nóvoa no seu melhor no suplemento do Público de hoje. Revigorante, um bom estímulo para mais uma semana tensa de trabalho, com um contributo subordinado à ideia central de que o erro de Portugal foi sempre o de nunca ter investido no território e no conhecimento, trocando essa aposta pelo lado da partida, da viagem, da intermediação, do comércio.
Algumas dimensões que vale a pena reter:
Sobre o papel da universidade para Portugal pensar o seu futuro:
“A universidade portuguesa está a fazer bem o seu trabalho na área da formação, na área da ciência, mas tem falhado na elaboração de um pensamento crítico, numa reflexão sobre o país, numa capacidade de ir para além de si mesma e de se voltar para o país. É preciso que o faça urgentemente.”
Combate ao produtivismo académico e mercantilização das universidades
“Alguns colegas europeus estão a trabalhar num manifesto a favor da Slow Science, um manifesto a favor da ciência lenta, que é uma metáfora contra a ideia do produtivismo, da multiplicação dos artigos, dos papers, de uma vida controlada por outras dimensões. Felizmente, há muitas dinâmicas de resistência dentro das universidades sobre essa matéria.
É preciso repensar as regras da avaliação da carreira docente, o que obriga a um despertar dos professores dentro das universidades. Há muita gente distraída em relação a essa matéria, muita gente resignada, como se isso fosse uma fatalidade, e não é. Nós podemos organizar as nossas universidades de outra maneira”.
Sobre a dimensão profissionalizante da universidade
A universidade faz mal o seu trabalho quando estreita os estudos universitários num sentido excessivamente profissionalizante. Isso retira instrumentos às pessoas. O que dá a maleabilidade de mudar de vida, de emprego, de fazer diversas coisas, é a capacidade de pensar, de conhecer, de obter informação”.
A universidade não é um centro de formação profissional
(…) o que distingue uma universidade de um centro de formação profissional são as dimensões de que temos estado a falar. O que refere é um centro de formação profissional. Podem ser muito bons e, nessa perspetiva, acho que a McDonald’s faz isso melhor do que uma universidade. As universidades são feitas para formar pessoas numa pluralidade de dimensões, culturais, sociais, intelectuais e outras, e resulta dessa formação que as pessoas vão ter um emprego e vão dar uma contribuição à sociedade. Para formar profissionais para fazer determinados gestos muito concretos e específicos, as universidades são dispensáveis”.

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