Nuno Melo é um deputado europeu “light” e “q.b.” que,
se excetuarmos a sua intervenção na comissão parlamentar do BPN, se tem
especializado na pequena política televisiva, na exploração do pequeno byte nas redes sociais e não só, obtendo
por essa via efémeros momentos de pretensa glória, que o devem realizar, e cada
qual realiza-se com o que estiver mais à mão.
O seu aproveitamento do byte despreocupado mas impreparado de António Costa com
investidores e autoridades chineses e o discurso preparado na Antena 1 em torno
do significado dos anos da cabra e do cavalo na cultura chinesa vem nessa sequência.
Só o refiro aqui por dois motivos.
Primeiro, porque intuo que a próxima campanha
eleitoral vai estar cheia até à náusea destes números e piruetas de circunstância,
tudo fazendo a maioria para encontrar ecos do seu discurso onírico sobre a
transformação do país. Pelo sim pelo não vou tomar alguns protetores
estomacais, porque receio náuseas profundas com o que se perfila no horizonte
eleitoral.
Segundo, porque na perspetiva dos interesses de
António Costa não sou dos que desvalorizam este tipo de situações, mesmo
aderindo à semântica preciosista de que estar diferente ou estar melhor não é
de facto a mesma coisa. Podem dizer-me que a diplomacia económica é das mais cínicas
e hipócritas que se vendem por aí e até posso concordar com isso, a fazer fé no
que vai sendo visto por esse mundo fora. Mas a alternativa de António Costa não
pode menosprezar um discurso para essa realidade. Claro que não lembraria ao
diabo e seguir por exemplo o pensamento de Félix Ribeiro e defender que na
geoestratégia da globalização não interessa a Portugal ficar reduzido a uma
feitoria da China. Mas já que os chineses estão cá (e não vou discutir as
contrapartidas e quem as terá auferido de os ter por cá) parece fundamental
começar a fazer o discurso de que o capital estrangeiro deve ser uma parte da
solução de transformar o padrão estrutural da economia portuguesa e não
tornar-se um problema, afunilando essa transformação. Essa posição de país não
ofende ninguém, embora os investidores estrangeiros possam contrapor que então
preparem melhor as vossas privatizações. O que seria uma boa réplica, mas aí
Costa poderá sempre dizer que os malandros que me antecederam, com a cumplicidade
da Troika, deram-se ao luxo de privatizar sem lei estratégica com escrutínio
parlamentar.
Sem comentários:
Enviar um comentário