domingo, 8 de fevereiro de 2015

BENCHMARKING PARA O ENVELHECIMENTO



Certamente sem o pretender e talvez como efeito colateral de uma longa ausência das suas crónicas de sexta, sábado e domingo, Vasco Pulido Valente (VPV) formaliza hoje na crónica de domingo no Público as bases para um benchmarking do nosso envelhecimento. Não se trata de um benchmarking físico, passível de quantificação com um conjunto de registos, análises e outras formas de diagnóstico. Trata-se mais de um envelhecimento relacional, social, que regista a evolução do nosso posicionamento face às mudanças e evolução do que nos rodeia.
VPV confessa-se sem força e sem paciência para registar esse conjunto de impressões em forma de livro, mas inicia na crónica de hoje um conjunto de anotações que podem configurar, se continuados em crónicas posteriores, as bases para uma análise progressiva do nosso posicionamento face a esse envelhecimento relacional.
Mas não há, como se sabe, benchmarking que não tenha de ser calibrado. E este não foge à regra. Em primeiro lugar, a dimensão etária, 70 anos como referência. Basta anotar isso na nossa escala de aplicação do método. Situando-nos aquém ou além desse referencial teremos de proceder às adaptações necessárias. Em segundo lugar, as características do patrono. Elitista quanto baste, ego farto e outras referências impõem calibragem necessária a quem se situar aquém ou além desse referencial.
Mas vale a pena recordar as sete referências iniciáticas do método de VPV:
  • A desvergonha com que a esquerda usa as mil desgraças dos portugueses;
  • A proliferação de salvadores da pátria no debate público;
  • O voyeurismo da desgraça no jornalismo português;
  • A obsessão com os restaurantes trendy and fashionable;
  • A obsessão com o espetáculo;
  • A futilidade da conversa sobre a economia;
  • A inferioridade do culto Ronaldo.
Aplicação rápida do método para 65 anos de ego incomensuravelmente menos pronunciado e não elitista:
  • Não me interessa o voto de protesto, simplesmente de protesto e alimentado na desgraça alheia; mas é necessário sensibilidade social para encontrar soluções;
  • Também acho que há salvadores da pátria a mais no debate dos media mas bastaria que os jornalistas fossem melhor preparados e consistentemente agressivos para os colocar em debandada;
  • Sim, também me choca o voyeurismo da desgraça do jornalismo comum;
  • Não sou obcecado pela gastronomia trendy; gostaria apenas de pelo menos uma vez ir ao Gambrinus e ver o VPV numa mesa;
  • Também não me choca a obsessão pelo espetáculo, é-me praticamente indiferente;
  • A futilidade da conversa sobre a economia é uma questão de literacia e de choque entre paradigmas, não suficientemente assumido do ponto de vista democrático, sobretudo devido ao conservadorismo do jornalismo económico e aos seus compromissos;
  •  A inferioridade do culto Ronaldo e dos records Guiness é uma consequência da pequenez do país, mas a nossa incapacidade para explorar consequentemente essa visibilidade dói que basta.
Resultado: não há ainda matéria de preocupação.

Sem comentários:

Enviar um comentário