quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

SWISSLEAKS: UM COLATERAL BRITÂNICO E NÓS


O local do crime, chamemos-lhe assim, foi o HSBC na Suíça mas a casa-mãe tem a sua base na Grã-Bretanha. Os crimes fiscais terão sido cometidos em 2006 e 2007. O senhor acima chama-se Stephen Green, gosta de ser tratado por Lord Green of Hurstpierpoint, e foi CEO do Grupo HSBC de junho 2003 a maio 2006 e seu Chairman desta data a dezembro de 2010, tendo nesta altura abandonado o Grupo para se tornar ministro de Estado para o Comércio e o Investimento de Cameron (de janeiro 2011 a dezembro 2013). Interesses e quê mais? – este sistema!


Por cá, e continuando eu a considerar que o melindre e a complexidade do caso Sócrates nos devem levar a assumir de momento uma forçada autocontenção, não deixo de notar que a forma como o assunto foi trabalhado pelos seus principais responsáveis judiciais e por algumas franjas jornalísticas e políticas já tornou o ex-primeiro-ministro, aos olhos da maioria da opinião pública nacional, num irreversível culpado de crimes que ainda se encontram sob investigação, sendo que pelo andar da carruagem ele tenderá mesmo a ser transformado no grande culpado de todos os males que nos vêm assolando e mais dos que estiverem para vir no próximo futuro. Daí que me espante que o Movimento Revolução Branca ou qualquer outro justiceiro da praça ainda não se tenha atirado a eventuais relações entre o dito e Sílvia Ruivo Caçador, aquela portuguesa com o maior montante em conta no HSBC – afinal 23 milhões não são aquela percentagem mágica de 10% dos duzentos e tal milhões da senhora e não tem esta as suas raízes no distrito de Vila Real? A este nível, o cartune do JN peca simultaneamente por mais ambicioso (220 portugueses com contas no HSBC da Suíça, logo todos potenciais amigos de Sócrates!) e por mais moderado (talvez “o homem” não possa ter assim tantos amigos!) – este país!

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