domingo, 1 de fevereiro de 2015

BARRETO E A TROPA-FANDANGA


António Barreto já foi para mim um intelectual de referência. O que aliás vinha de muito longe, dos tempos de “Capitalismo e Emigração em Portugal” que escreveu no início dos 70 com Carlos Almeida, e perdurou durante largos anos – com um especial acento para os “Retratos da Semana” que publicou no “Público” durante quase toda a década de 90. Aos poucos, senti-me a dele discordar cada vez mais e a crescentemente desgostar da sua atitude cidadã feita de um mix insustentável de sã reflexão/inquietação e de incompreensível cedência/serviço aos poderes mais conservadores. A entrevista que dá neste fim de semana ao “Jornal i” parece traduzir um momento de viragem para pior nesta trajetória, mostrando um Barreto ainda mais amargo do que antes e em completa negação de tudo e todos – claro que são cada vez mais aqueles de nós que estão a perder a confiança em praticamente toda a gente mas ele, que teve responsabilidades e pretende apresentar-se como responsável, não pode; ou melhor, ele pode naturalmente pensar com os seus magníficos botões o que entender e dizer aos seus brilhantes amigos o que lhe apetecer, ele não pode, ou pelo menos não se deveria permitir, ser um estimulador de populismos gratuitos junto da frágil opinião pública nacional...

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