(Matthew Diffee, “Matt”, http://www.newyorker.com)
São mais frequentes do que nos apercebemos as referências ao passado com que o nosso quotidiano se depara. Sobretudo o marketing e a publicidade vão procurando dar-lhe aquela tradução amigável/confortável que cabe depois ao aproveitamento comercial explorar – como aquela velhinha simpática do “eu ainda sou do tempo” ou aquela marca de uísque que consolidou notoriedade à custa do slogan “a tradição já não é o que era”. Vem isto a propósito dos tempos de mudança que são estes que a geração a que pertenço e as seguintes vêm conhecendo, uma mudança tão radical – revolução tecnológica, formas de produção e de consumo, modos de vida e organização das sociedades, etc. – e a um tão vertiginoso ritmo que o seu verdadeiro alcance e implicações tendem a escorrer-nos pelas mãos e a escapar–nos por entre os dedos. Foi pensando nisso que decidi reunir por aqui, sem qualquer critério especial de seleção subjacente, um pequeno conjunto de elementos sintomáticos de ilustração.
Primeiro as pessoas, a vida e a morte. Impressionante constatar os avanços que a humanidade produziu nesta matéria ao longo dos últimos séculos – como a preceito escrevia Martin Wolf num “Financial Times” de há poucas semanas: Let us enjoy the greatest human escape of all... E impressionantes também os avanços da investigação genética – no caso abaixo, a espetacular redução do custo da sequenciação no mero espaço de uma década (desencriptar um genoma humano já pode custar apenas 1000 dólares, e demorar apenas algumas horas, contra 100 milhões dez anos atrás) – e quanto eles abrem de perspetivas auspiciosas à medicina deste século XXI.
(Martin Wolf, http://www.ft.com)
Depois a tecnologia, simplificadamente abordada em quatro das suas manifestações mais amplas (todas não deixando também de conter os respetivos apêndices próprios de alastramento): a capacidade de armazenamento global de dados, a disseminação da Internet, a explosão das redes sociais (“capital social”) e a expansão do comércio electrónico.
Por fim, a energia e a indústria da segunda revolução industrial ou, mais concretamente, algumas evidências associadas ao gás de xisto com que os Estados Unidos abanaram e abalaram todo o mercado petrolífero em menos de uma década (shale effect) e a distribuição geográfica da produção mundial da indústria automóvel – cujo top ten, em ordenação decrescente, já se apresenta espantosamente assim (à atenção dessa nossa tão aberta e liberal Europa): China (de longe o maior produtor mundial com mais de um quarto do total fabricado), Estados Unidos, Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Índia, Brasil, México, Tailândia e Canadá.
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