As questões das opções e da delimitação entre os
domínios do privado e do público na saúde são como se compreende um lugar
central do “Interesse Privado – Ação Pública” e a elas nos temos referido
embora sem a profundidade que o tema exigiria.
Nesta última semana, com os temas a fervilharem
para uma participação mais intensa no blogue, a minha intermitência de escrita
(com probabilidade de se manter no futuro próximo) deve-se paradoxal e
infelizmente a viver por dentro e como utente a questão da vivência nos
sistemas privado e público de saúde. A idade avançada de quem me trouxe ao
mundo transportou-me para esse universo e posso apenas dizer que a discussão
intelectual do tema não tem nada que ver com a sua vivência. Começando por uma
experiência de sistema privado, só o sistema público nos dá presentemente
alguma esperança de ultrapassagem do problema. Pelo recato e pudor que esta
situação exige, só posso exprimir a convicção que já tinha que o Sistema Nacional
de Saúde, com todas as pressões e ineficiências que sobre ele incidem,
constitui mesmo assim uma realização do Estado Social português claramente numa
escala mais que proporcional ao nosso nível de desenvolvimento económico e
social. Pelo que tenho apreendido como utente anónimo, o SNS é hoje uma proteção
crucial para uma parcela cada vez mais representativa da população portuguesa,
onde a população envelhecida tem aqui a sua última proteção. Se já tinha uma
perceção intuitiva desta questão, com experiência vivida não tenho dúvidas de
que o atentado à sobrevivência deste sistema constituirá o maior dano (e não é
colateral, é central) que pode ser infligido à população portuguesa mais
desprotegida. Uma questão de escolhas públicas e ignorar esta necessidade pode
ser trágico para a formulação de uma alternativa de governação.
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