Como aqui a espaços tenho sublinhado, há dias em que me lambuzo – é o termo! – quando apanho na TSF o “Tubo de Ensaio” de Bruno Nogueira, seja de manhã ao acordar seja mais à tarde quando estou no trânsito. Hoje, foi mais uma vez o caso quando o ouvi dedicar aqueles minutos a um apavonado deputadeco de 33 anos vindo de Mação (Santarém) – com passagens pelo Liceu de Castelo Branco, pelo ISCSP (onde se licenciou em Relações Internacionais, com especialização em Estratégia Internacional de Empresa, atingindo a média final de 13,5 valores apesar de ter sido trabalhador-estudante no gabinete do ministro da Presidência durante a maior parte do tempo do curso) e pelo Parlamento Europeu (onde desempenhou a patriótica função de chefe de gabinete da delegação portuguesa do PPE) – que tem todo o ar de quem vai fazer uma auspiciosa carreira na Capital e se vai entretendo a inventar tweets malcriados e de mau gosto e epístolas dedicadas a políticos na ordem do dia. Incapaz de exprimir tão eficazmente o meu pensamento, opto por reproduzir a peça com a devida vénia aos seus autores:
“Olá, estimados. Bem, eu ontem tinha prometido que hoje ia dedicar um ‘Tubo’ à carta que o pequeno deputado do PSD Duarte Marques enviou ao Tsipras, mas aquilo é tão pífio que a única utilidade que eu vejo para aquela carta é fazer parte do próximo exame de professores. Basicamente, Duarte Marques – e, atenção, isto são três palavras que vão andar sempre juntas – diz ao novo primeiro-ministro grego que espera que as promessas que fez nas eleições não passem de bluff da campanha e que o primeiro-ministro grego não tenha a leviandade de cumprir o que prometeu aos eleitores, tal qual como fez o seu honrado e meritório chefe do PSD. O primeiro-ministro grego deve respeito aos portugueses e não às pessoas que o elegeram e o mais curioso é que ele diz isto falando como moralista. Para começar, faz-me impressão que um fiel seguidor da austeridade, como é o caso do Duarte, ande a gastar massa em envelopes e selos a chagar os primeiros-ministros dos outros países quando tem o nosso ali ao lado e não lhe diz nada. Eu só compreendo que o Duarte Marques tenha enviado esta carta para o primeiro-ministro grego porque fez confusão: como dizem que o Syriza é de extrema-esquerda radical, ele confundiu a situação da Grécia com a da Venezuela, onde dizem que o papel higiénico é um bem escasso. Há duas cartas que eu tenho muito medo de receber quando abro o correio, uma é das Finanças, a outra é do Duarte Marques. O primeiro-ministro grego – pumba! – recebeu duas numa só, ninguém merece; é pior do que receber emails da DECO a impingir máquinas fotográficas. Duarte Marques é assim um metro e sessenta e oito de spam. É uma pena que Portugal não possa exportar vergonha alheia, porque ficávamos corados de ricos e este tipo de deputados era uma fonte de riqueza para o País. E o pior de tudo é que, lendo a carta, dá a sensação que ele fala por todos nós, portugueses; ora, por mim não fala, até porque eu não falo com tantas vírgulas. Por mim, para pedir desculpa aos gregos e aos portugueses, punha-o a lamber colunas do Partenon até ter baixos relevos na língua. E estou a ser meiguinho. Vamos lá fazer um ponto da situação: o Syriza já declarou que não fala com a Troika e até o caracolinhos holandês que tem cara de quem caiu no teclado deu de froques, mas vão ler e responder a uma carta enviada pelo rechonchudo engraxador da austeridade? Já estou a ver o primeiro-ministro grego: ‘Duarte quem?’ – ‘Duarte Marques, bem pela fotografia deve ser rabejador de um grupo de forcados’. Na minha modesta opinião de quem nunca enviou cartas a poderosos sem ser com anthrax, eu acho que a carta do Duarte Marques ao primeiro-ministro grego devia ir para o Panteão Nacional junto com o filme que o Marcelo Rebelo de Sousa enviou há uns tempos aos alemães a explicar o que era Portugal; metia-se a carta e o filme numa urna e mandavam para um canto escuro do Panteão, uma espécie de enterro da patetice de alguns portugueses. Ou então, não. Até amanhã, estimados.”
“Olá, estimados. Bem, eu ontem tinha prometido que hoje ia dedicar um ‘Tubo’ à carta que o pequeno deputado do PSD Duarte Marques enviou ao Tsipras, mas aquilo é tão pífio que a única utilidade que eu vejo para aquela carta é fazer parte do próximo exame de professores. Basicamente, Duarte Marques – e, atenção, isto são três palavras que vão andar sempre juntas – diz ao novo primeiro-ministro grego que espera que as promessas que fez nas eleições não passem de bluff da campanha e que o primeiro-ministro grego não tenha a leviandade de cumprir o que prometeu aos eleitores, tal qual como fez o seu honrado e meritório chefe do PSD. O primeiro-ministro grego deve respeito aos portugueses e não às pessoas que o elegeram e o mais curioso é que ele diz isto falando como moralista. Para começar, faz-me impressão que um fiel seguidor da austeridade, como é o caso do Duarte, ande a gastar massa em envelopes e selos a chagar os primeiros-ministros dos outros países quando tem o nosso ali ao lado e não lhe diz nada. Eu só compreendo que o Duarte Marques tenha enviado esta carta para o primeiro-ministro grego porque fez confusão: como dizem que o Syriza é de extrema-esquerda radical, ele confundiu a situação da Grécia com a da Venezuela, onde dizem que o papel higiénico é um bem escasso. Há duas cartas que eu tenho muito medo de receber quando abro o correio, uma é das Finanças, a outra é do Duarte Marques. O primeiro-ministro grego – pumba! – recebeu duas numa só, ninguém merece; é pior do que receber emails da DECO a impingir máquinas fotográficas. Duarte Marques é assim um metro e sessenta e oito de spam. É uma pena que Portugal não possa exportar vergonha alheia, porque ficávamos corados de ricos e este tipo de deputados era uma fonte de riqueza para o País. E o pior de tudo é que, lendo a carta, dá a sensação que ele fala por todos nós, portugueses; ora, por mim não fala, até porque eu não falo com tantas vírgulas. Por mim, para pedir desculpa aos gregos e aos portugueses, punha-o a lamber colunas do Partenon até ter baixos relevos na língua. E estou a ser meiguinho. Vamos lá fazer um ponto da situação: o Syriza já declarou que não fala com a Troika e até o caracolinhos holandês que tem cara de quem caiu no teclado deu de froques, mas vão ler e responder a uma carta enviada pelo rechonchudo engraxador da austeridade? Já estou a ver o primeiro-ministro grego: ‘Duarte quem?’ – ‘Duarte Marques, bem pela fotografia deve ser rabejador de um grupo de forcados’. Na minha modesta opinião de quem nunca enviou cartas a poderosos sem ser com anthrax, eu acho que a carta do Duarte Marques ao primeiro-ministro grego devia ir para o Panteão Nacional junto com o filme que o Marcelo Rebelo de Sousa enviou há uns tempos aos alemães a explicar o que era Portugal; metia-se a carta e o filme numa urna e mandavam para um canto escuro do Panteão, uma espécie de enterro da patetice de alguns portugueses. Ou então, não. Até amanhã, estimados.”
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