O meu avô materno era um autodidata
compulsivo. A aprendizagem permanente da língua francesa era uma das suas
preferidas ocupações de tempo e foi por essa via que ele me levou ao
conhecimento de Edith Piaf e da sua inconfundível voz. Cinquenta anos depois,
recordo o dia em que o seu pequeno rádio a pilhas nos informava da morte aos 47
anos da diva da chanson française. “La vie en rose” e “Non, je ne regrette rien” serão talvez os maiores sucessos de
Piaf, mas a ilustração de capa do “Le Monde” elegeu homenageá-la com a
belíssima “La Foule” – e ainda hoje me provoca pele de galinha ouvir a história
daquela multidão que, em festa e sucessivamente, o lançou nos braços dela, os
empurrou unidos um ao outro e o arrancou dos braços dela, afastando-a para
longe; terminando nostalgicamente, assim: “Et je crispe mes poings, maudissant la foule qui me vole
/ L'homme qu'elle m'avait donné / Et que je n'ai jamais retrouvé...”
(Plantu, http://www.lemonde.fr)
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