Não sei exatamente a razão,
mas temos deixado misteriosamente de falar sobre o lado profundo da austeridade
grega. Talvez porque a violência de rua amainou e não há aquelas fotografias
marcantes para impactar os leitores. Ou então porque no subconsciente nacional,
face aos riscos da austeridade nos acompanhar por muitos anos e entrarmos numa
senda empobrecimento a longo prazo, nos incomoda partilhar a penosidade com a
sociedade grega.
Pelo correio amigo do sempre
atento António Melo, tomei contacto com um lado negro das consequências da
austeridade grega, que muito impressionaria por certo alguns intelectuais
portugueses. Com notícias divulgadas designadamente pelo Il Manifesto de Roma e pelo Guardian,
têm-se sucedido nos últimos dias encerramentos puros e simples das grandes
universidades gregas. O Público e o Jornal de Negócios também cobriram o assunto.
As universidades de Atenas, Aristóteles
de Salónica, Patras, Ioannina e Creta encerraram portas na sequência das decisões
emanadas da Troika de exigências de dispensa de cerca de 40% dos efetivos (essencialmente
cortes de pessoal administrativo), invocando indicadores de excesso de pessoal.
Em Atenas, para além da Universidade Nacional, fundada em 1837, também colapsou
a Universidade Politécnica de Atenas, historicamente conhecida pela sua resistência
à ditadura grega.
A história inverte-se tragicamente.
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