Bagão Félix (BF) tem uma interessante presença de comentário económico-político às Quartas na SIC-Notícias. Prepara-se e explica-se bem, além de integrar algumas pequenas rubricas bem imaginativas (a frase, o número, o termo) – não fora a improcedência da comparação, quase seria de o referenciar como melhor neste papel televisivo do que na do ministro que foi.
Ontem, BF quis sublinhar algo que já várias vezes afloramos neste espaço a diversos propósitos: a notória saída de investidores estrangeiros enquanto detentores da dívida pública portuguesa (de 78% do total antes da crise, em 2008, para 33% em 2012). Ao que acrescentou ainda a informação de uma repartição praticamente equilibrada (em torno de um terço, um terço, um terço) da dívida detida por residentes, não residentes e decorrente do programa de assistência financeira em curso.
Enfatizando que o montante de dívida pública possuída por residentes ascende a um valor próximo de 63 mil milhões de euros (mais 16 mil milhões do que no momento do início do programa da Troika), BF quis então concluir que, no momento atual, a defesa de uma reestruturação da dívida pública portuguesa deverá ser abordada com enorme cuidado, sobretudo na medida em que tal redundaria necessariamente num corte significativo nos ativos detidos por residentes, leia-se maioritariamente pelos bancos portugueses (entidades cujo endividamento junto do BCE já terá atingido em Agosto o valor recorde de 51 mil milhões de euros) – com as típicas implicações expectáveis em termos de solvabilidade e de confiança dos depositantes.
Considerações a ter na devida conta no meio deste enorme cu-de-boi em que estamos metidos…
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