Quem disse que não há coincidências? Ontem ao deitar, lia eu uma crónica do mais recente “Quinto Livro de Crónicas” de António Lobo Antunes, interrogava os meus botões sobre a grande contenção do autor – ao invés dos irmãos – em matérias especificamente político-governativas. Pois não é que ao abrir a “Visão” de hoje encontrei na sua crónica (“Um Dó Li Tá”) uma resposta dada pelo próprio!
Começa assim: “Perguntam-me muitas vezes por que motivo nunca falo do governo nestas crónicas e a pergunta surpreende-me sempre. Qual governo? É que não existe governo nenhum. Existe um bando de meninos, a quem os pais vestiram casaco como para um baptizado ou um casamento. Claro que as crianças lhes acrescentaram um pin na lapela (...)”. E, um pouco mais adiante, acrescenta: “Esta criançada é curiosa. Ensinaram-me que as pessoas não devem ser criticadas pelos nomes ou pelo aspecto físico mas os meninos exageram, e eu não sei se os nomes que usam são verdadeiros: existe um Aguiar Branco e um Poiares Maduro. Porque não juntar-lhes um Colares Tinto ou um Mateus Rosé? É que tenho a impressão de estar num jogo de índios e menos vinho não lhes fazia mal.“
Convicto do vosso gosto pela qualidade linguística, sociológica e cívica, recomendo que leiam o resto na revista e que comprem o livro...
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