quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CONTA-CORRENTE


Por ter sido o primeiro programa da série que agora se propõe protagonizar semanalmente – veremos com que valor acrescentado ou diferenciação em relação aos chamados comentadores –, Fernando Teixeira dos Santos (FTS) não podia escapar à abordagem do tema quente associado ao pedido português de resgate em que teve o papel ativo que se conhece e que Sócrates abordou na sua recente entrevista ao “Expresso” nos seguintes termos:  “Fiquei muito zangado, mas a verdade é que já não estou. Passei dois anos horríveis com o Teixeira dos Santos, horríveis. Ele foi-se abaixo! E teve uma atitude horrível connosco.”

Pois FTS – permanentemente entalado entre duas interpretações contraditórias dos factos pela maioria dos analistas e dos agentes económicos e políticos que sobre o tema se vão pronunciando – foi claríssimo na sua escolha de alinhamento: a resposta governamental à crise orçamental já se iniciara em maio de 2010, o resgate irlandês determinara esforços europeus no sentido de uma “abordagem compreensiva”, o PEC 4 (assumindo a contagem tornada oficial mas que o próprio considera errada) era uma espécie à data de programa cautelar, o PEC 4 era possível de executar e “o pedido de ajuda ocorreu quando tinha de ocorrer”.

Ou seja: ouvimos pela boca de FTS a negação da justeza do libelo acusatório que tantos têm dirigido a Sócrates e segundo o qual o anterior primeiro-ministro teria resistido ao longo de meses a pressões do seu ministro das Finanças (e de outras figuras relevantes, como o governador do Banco de Portugal?) visando uma solicitação de resgate algures entre finais de 2010 e inícios de 2011. Não comento, apenas registo...

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