sábado, 19 de outubro de 2013

VINICIUS, 100 ANOS

(http://bragadarocha.blogspot.pt)

Um homem que assume convictamente nove relações conjugais – Tati, Regina, Lila, Maria Lúcia, Nelita, Cristina, Gesse, Martita e Gilda, no caso em apreço – ou é louco ou um romântico genialmente talentoso. Vinicius de Moraes (19/10/1913 – 09/07/1980) existe há exatamente um século e não há quem não conheça a beleza da sua “poética” e a força da expressão do seu sentimento. Que ficou bem longe, aliás, de se cingir àquele plano que a garota de Ipanema, a mulher que passa, a canção do amor que chegou, a luz dos olhos teus, a coisa mais linda, o soneto da fidelidade, a felicidade que tem fim ou a serenata do adeus imortalizaram – porque Vinicius também falou da vida, da sociedade e da pessoa nelas.

Como em “Sei lá a Vida Tem Sempre Razão” (“Tem dias que eu fico pensando na vida / E sinceramente não vejo saída / Como é por exemplo que dá pra entender / A gente mal nasce e começa a morrer / Depois da chegada vem sempre a partida / Porque não há nada sem separação. Sei lá, sei lá / A vida é uma grande ilusão / Sei lá, Sei lá / A vida tem sempre razão. /A gente nem sabe que males se apronta / Fazendo de conta, fingindo esquecer / Que nada renasce antes que se acabe / E o sol que desponta tem que anoitecer / De nada adianta ficar-se de fora / A hora do sim é o descuido do não.”).

Ou em “A rosa de Hiroxima” (“Pensem nas crianças / Mudas telepáticas / Pensem nas meninas / Cegas inexatas / Pensem nas mulheres / Rotas alteradas / Pensem nas feridas / Como rosas cálidas / Mas oh não se esqueçam / Da rosa da rosa / Da rosa de Hiroxima / A rosa hereditária / A rosa radioativa
/ Estúpida e inválida / A rosa com cirrose / A anti-rosa atômica / Sem cor sem perfume / Sem rosa sem nada.”).

Ou, ainda, em “Poética” (“De manhã escureço / De dia tardo / De tarde anoiteço / De noite ardo.
 / A oeste a morte / Contra quem vivo / Do sul cativo / O este é meu norte.
 / Outros que contem / Passo por passo: /Eu morro ontem / Nasço amanhã / Ando onde há espaço: /  Meu tempo é quando.”).

A bênção, Senhor!

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