(http://bragadarocha.blogspot.pt)
Um homem que
assume convictamente nove relações conjugais – Tati, Regina, Lila, Maria Lúcia,
Nelita, Cristina, Gesse, Martita e Gilda, no caso em apreço – ou é louco ou um
romântico genialmente talentoso. Vinicius de Moraes (19/10/1913 – 09/07/1980) existe
há exatamente um século e não há quem não conheça a beleza da sua “poética” e a
força da expressão do seu sentimento. Que ficou bem longe, aliás, de se cingir
àquele plano que a garota de Ipanema, a mulher que passa, a canção do amor que
chegou, a luz dos olhos teus, a coisa mais linda, o soneto da fidelidade, a
felicidade que tem fim ou a serenata do adeus imortalizaram – porque Vinicius
também falou da vida, da sociedade e da pessoa nelas.
Como em “Sei lá a Vida Tem Sempre Razão” (“Tem dias que eu fico pensando na vida
/ E sinceramente não vejo saída / Como é por exemplo que dá pra entender / A
gente mal nasce e começa a morrer / Depois da chegada vem sempre a partida / Porque
não há nada sem separação. Sei lá, sei lá / A vida é uma grande ilusão / Sei
lá, Sei lá / A vida tem sempre razão. /A gente nem sabe que males se apronta / Fazendo
de conta, fingindo esquecer / Que nada renasce antes que se acabe / E o sol que
desponta tem que anoitecer / De nada adianta ficar-se de fora / A hora do sim é
o descuido do não.”).
Ou em “A rosa de Hiroxima” (“Pensem nas crianças / Mudas telepáticas / Pensem
nas meninas / Cegas inexatas / Pensem nas mulheres / Rotas alteradas / Pensem
nas feridas / Como rosas cálidas / Mas oh não se esqueçam / Da rosa da rosa / Da
rosa de Hiroxima / A rosa hereditária / A rosa radioativa
/ Estúpida e inválida
/ A rosa com cirrose / A anti-rosa atômica / Sem cor sem perfume / Sem rosa sem
nada.”).
Ou, ainda, em “Poética” (“De manhã escureço / De dia tardo / De tarde
anoiteço / De noite ardo.
/ A oeste a morte / Contra quem vivo / Do sul cativo
/ O este é meu norte.
/ Outros que contem / Passo por passo: /Eu morro ontem /
Nasço amanhã / Ando onde há espaço: / – Meu tempo é quando.”).
A bênção, Senhor!
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