Nada melhor do que o gráfico acima (extraído do recentíssimo
“European Economics Focus” da “Capital Economics”, intitulado “Does Europe
still face default?” e editado por Roger Bootle e Jonathan Loynes) para assinalar com a devida
pompa a noite em que Albuquerque veio anunciar aos portugueses o que Luís Nobre
Guedes já designou por “tsunami social, confisco fiscal e enorme desolação
política”.
Utilizando um modelo próprio (estimado
com base em diversos pressupostos, a que voltarei noutra ocasião), os autores
evidenciam os seus resultados privilegiando o original modo de calcularem o
número de anos que levaria a que os países da Zona Euro sob maior pressão
conseguissem reduzir o seu défice público para os 90% sugeridos por Reinhard e Rogoff (limiar de sustentabilidade ou
aceitabilidade).
A
evidência é assustadora: para reduzirem os seus rácios de dívida para aquele
nível, todos os países em causa ficariam condenados a uma longuíssima extensão da austeridade (no caso representada pelo montante de
1% do PIB de contenção orçamental anual), com os 22 anos sentenciados para Portugal (contra um período de 10 a 20 anos para os restantes) a destacarem a nossa situação pela mais triste das negativas.
Mas
este é apenas um elemento adicionalmente comprovativo da justeza da
argumentação que “esta gente” dogmaticamente se recusa a ter em conta (porque, sim caro leitor, entendeu bem aquela coisa acima dos 22 anos à nossa frente...). Como se
pode ler no relatório acima citado: “Todavia, o ponto mais importante é que,
apesar de a austeridade ter contribuído para trazer os défices orçamentais para
baixo, a maioria dos países periféricos da Zona Euro precisará de obter
excedentes orçamentais substanciais para evitar que os seus níveis de dívida
continuem a crescer e, finalmente, para os fazer baixar para níveis
sustentáveis. E a grave implicação disto é que, se os países pretenderem
continuar a confiar largamente ou unicamente na austeridade por forma a
escaparem ao fardo das suas dívidas, eles terão uma terrível quantidade de
trabalho adicional para fazer.”
O
que mais estará reservado para acontecer a este arrasado País?
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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