Ainda não estarei fora de tempo para aqui aplaudir a
nomeação de Janet Yellen, que alguns senadores democratas arrancaram de Obama
(que preferia Lawrence Summers), para substituir Ben Bernanke como presidente
da Reserva Federal. Sendo certo que a provável próxima “economista mais
poderosa do mundo” ainda irá passar por uma dura provação quando ocorrer o interrogatório
a que legalmente tem de se sujeitar no Senado, visível como tem sido que quase
tudo pode sair da boca de alguns inconcebíveis republicanos.
Tal como as coisas se apresentam neste momento, parece claro
que a anterior número dois do banco central americano começa por ser uma
“evolução na continuidade”, sobretudo em relação ao forte lobby que vem sendo exercido por aqueles que mais ativamente
contestam a agressiva política adotada por Bernanke de baixas taxas de juro e significativa
injeção monetária na economia (à razão de 85 mil milhões de dólares mensais).
Mas – afirma quem conhece bem Yellen – não será de excluir
que ela venha ainda a promover uma cautelosa reorientação de prioridades (à
partida por si definidas como sendo “maximizar o emprego, estabilizar os preços
e fortalecer o sistema financeiro”). Na direção de “um sobre-ênfase no problema
do desemprego [e do crescimento] e um sub-ênfase na inflação” (como sugeriu
Meltzer) e/ou focando-se na implementação de um novo modelo de política
monetária e de uma regulação financeira mais efetiva (como sugeriu num curioso
artigo do “Financial Times” uma defensora da ideia de que gender does matter in central
banking ou, por outras palavras, de que aquelas áreas “não podem
permanecer uma coutada masculina”)?
O devir da economia mundial vai passar largamente pelo
desempenho concreto da brilhante mulher de George Akerlof...
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