Num Brasil à espera da Copa do Mundo, a coisa política está a aquecer
a uma velocidade estonteante na preparação da eleição presidencial que se lhe
seguirá. Tempos atrás, a dúvida parecia estar sobretudo em torno da opção entre
uma reapresentação de Dilma ou uma cedência de Lula à tentação de uma
reincidência. Mas Lula preferiu ficar-se apenas pela manutenção da sua enorme
“magistratura de influência”, deixando a Dilma o trabalho árduo de uma luta
eleitoral em condições crescentemente difíceis.
Já a definição do opositor de Dilma está ainda em fase de primárias,
embora muito vivas. Do lado “tucano”, onde ainda paira a prestigiada sombra
tutelar de Fernando Henrique Cardoso, tudo indicava que a vez seria de Aécio
Neves (neto de Tancredo e ex-governador de Minas Gerais) mas José Serra
(anteriormente derrotado por duas vezes) não desarma e até chegou a ameaçar com
uma desfiliação do PSDB para se candidatar por outras cores partidárias – não faria
mais sentido que Serra, fiel à sua própria retidão de princípios, abdicasse em
favor de um candidato mais jovem e politicamente menos gasto?
Mas foi do lado daquela que se apresentava como melhor posicionada
para enfrentar Dilma – a ex-ministra do Meio Ambiente de Lula e terceira
classificada em 2010, Marina Silva –, que ocorreu um verdadeiro golpe de
teatro: Marina viu vetada judicialmente a criação da sua “Rede Sustentabilidade”
e decidiu-se por uma adesão ao PSB do governador de Pernambuco Eduardo Campos
(também ele ex-ministro, no caso da Ciência e Tecnologia, do PT e declarado
candidato presidencial) “por legítima defesa da esperança” – porque “chega de
PT x PSDB” e “só uma terceira força poderá mudar o país”.
À distância de “tanto mar” tenho alguma dificuldade em explicar rigorosamente
os porquês, mas cada vez se me tende a tornar mais evidente que aquela búlgara
Dilma não condiz com o Brasil brasileiro nem com os tempos que aí vêm para o
país enfrentar...
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