domingo, 6 de outubro de 2013

UM EDITORIAL PARA MEDITAR



No passado 2 de outubro, o New York Times publicou um editorial sobre a situação europeia que vale sobretudo por se tratar de uma visão vinda de fora e não presa ao cu de boi em que os compromissos hoje instalados colocaram a União Europeia.
Vale a pena citar:
“Depois de uma profunda recessão de três anos, a economia dos 28 países da União Europeia cresceu globalmente 0,4% nos três meses concluídos em junho, representando o melhor resultado trimestral desde 2011. Muito dificilmente este resultado pode ser matéria de regozijo para a maioria dos Europeus que não viram as suas condições de vida significativamente alteradas nos meses mais recentes. A taxa de desemprego, por exemplo, era de 10,9% em agosto e essa não se alterou desde maio.
Apesar disso, alguns políticos Europeus têm vindo a insistir que esta débil recuperação mostra que as suas políticas de austeridade – cortando a despesa pública e aumentando impostos — estão a funcionar. Em discurso no último mês, o ministro das Finanças britânico, George Osborne, afirmou que os economistas que reclamaram uma redução mais gradual no seu défice fiscal “deixaram de ter argumento”. Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, insiste que a zona euro está claramente no bom caminho simultaneamente em termos estruturais e cíclicos”.
Estão errados e pior, errados de um modo que pode ferir as expectativas dter um emprego. e milhões de Europeus que lutam por emprego. Mesmo segundo os melhores cenários de muitos analistas, a taxa de desemprego descerá muito lentamente se as políticas governamentais não mudarem. Mais de um quinto dos jovens europeus com mais de 25 anos estão desempregados e muitos não terão provavelmente emprego nos próximos anos.
Os opositores da austeridade, incluindo esta página, nunca argumentaram que o crescimento nunca apareceria com estas políticas. O que defenderam foi antes que os governos que tentaram cortar excessivamente e demasiado depressa os seus défices orçamentais no meio de uma profunda recessão prolongarão desnecessariamente a recessão e torná-la-ão mais pesada. Os dados económicos mais recentes sugerem que foi isso que exatamente aconteceu na Europa. A Grã-Bretanha e os países da zona euro recuperaram mais lentamente nos últimos 5 anos do que a recuperação média das economias desenvolvidas após recessões e crises financeiras de envergadura desde 1960, segundo uma análise recente de dois quadros superiores do Banco de Inglaterra. Sem surpresa, nem a Grã-Bretanha nem a zona euro regressaram ainda aos níveis de produção atingidos antes da crise de 2008.”
Pois. O “caldo deveria estar entornado” e deveria bastar para varrer a hipocrisia de Barroso, a síntese de toda esta inépcia europeia que associa tragicamente o nome de Portugal a toda esta profunda miopia ou má-fé, e que tem o topete de a projetar para o seu próprio país.

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