No passado 2 de outubro, o
New York Times publicou um editorial sobre a situação europeia que vale
sobretudo por se tratar de uma visão vinda de fora e não presa ao cu de boi em
que os compromissos hoje instalados colocaram a União Europeia.
Vale a pena citar:
“Depois de uma profunda recessão de
três anos, a economia dos 28 países da União Europeia cresceu globalmente 0,4%
nos três meses concluídos em junho, representando o melhor resultado trimestral
desde 2011. Muito dificilmente este resultado pode ser matéria de regozijo para
a maioria dos Europeus que não viram as suas condições de vida
significativamente alteradas nos meses mais recentes. A taxa de desemprego, por
exemplo, era de 10,9% em agosto e essa não se alterou desde maio.
Apesar disso, alguns políticos Europeus
têm vindo a insistir que esta débil recuperação mostra que as suas políticas de
austeridade – cortando a despesa pública e aumentando impostos — estão a
funcionar. Em discurso no último mês, o ministro das Finanças britânico, George
Osborne, afirmou que os economistas que reclamaram uma redução mais gradual no
seu défice fiscal “deixaram de ter argumento”. Wolfgang Schäuble, o ministro das
Finanças alemão, insiste que a zona euro está claramente no bom caminho
simultaneamente em termos estruturais e cíclicos”.
Estão errados e pior, errados de um
modo que pode ferir as expectativas dter um emprego. e milhões de Europeus que
lutam por emprego. Mesmo segundo os melhores cenários de muitos analistas, a taxa
de desemprego descerá muito lentamente se as políticas governamentais não
mudarem. Mais de um quinto dos jovens europeus com mais de 25 anos estão
desempregados e muitos não terão provavelmente emprego nos próximos anos.
Os opositores da austeridade,
incluindo esta página, nunca argumentaram que o crescimento nunca apareceria
com estas políticas. O que defenderam foi antes que os governos que tentaram
cortar excessivamente e demasiado depressa os seus défices orçamentais no meio
de uma profunda recessão prolongarão desnecessariamente a recessão e torná-la-ão
mais pesada. Os dados económicos mais recentes sugerem que foi isso que
exatamente aconteceu na Europa. A Grã-Bretanha e os países da zona euro
recuperaram mais lentamente nos últimos 5 anos do que a recuperação média das
economias desenvolvidas após recessões e crises financeiras de envergadura desde
1960, segundo uma análise recente de dois quadros superiores do Banco de
Inglaterra. Sem surpresa, nem a Grã-Bretanha nem a zona euro regressaram ainda
aos níveis de produção atingidos antes da crise de 2008.”
Pois. O “caldo deveria estar
entornado” e deveria bastar para varrer a hipocrisia de Barroso, a síntese de
toda esta inépcia europeia que associa tragicamente o nome de Portugal a toda
esta profunda miopia ou má-fé, e que tem o topete de a projetar para o seu próprio país.
Sem comentários:
Enviar um comentário