Não dediquei a devida atenção ao significado do
Nobel de Economia deste ano, sobretudo pela diversidade contraditória existente
entre os três laureados. É particularmente estimulante tentar perceber a nomeação
de Eugene Fama, há longo tempo anunciada e só agora confirmada, em torno da sua
teoria dos mercados eficientes, segundo a qual os preços dos ativos financeiros
refletem toda a informação disponível sobre os fundamentos económicos.
Na blogosfera encontramos peças muito
interessantes sobre esse significado. Destaco o artigo de Tyler Cowen sobre a
obra diversificada de Fama que transcende bastante o tema dos mercados
eficientes.
Mas não resisti a mergulhar no baú das preciosidades
e a trazer de novo para o blogue a já célebre entrevista de 2010 de Fama a JohnCassidy, jornalista económico da New Yorker, realizada em plena crise e na qual
o imperturbável Fama nega que tenham sido os mercados financeiros a gerar a
recessão, defendendo em contrapartida que por uma razão qualquer (desconhecida
para ele que não se considera um macroeconomista, mas um empiricista) a economia
tinha entrado em recessão e os mercados financeiros (eficientes por definição)
tinham reagido como a teoria estimaria que o fizessem. Vale a pena percorrer
essa entrevista, porque lendo-a compreendemos um dos grandes elementos
pretensamente racionalizadores do tal dictat
dos mercados de que falava ontem.
Dada a conflitualidade entre esta entrevista e a
concessão do galardão a Robert Schiller que está nos antípodas de Fama e
utiliza o conceito de bolha imobiliária que este se recusa sequer a aceitar que
existe, compreendo que outros cientistas olhem para a economia com alguma
incredulidade.
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