(Luís Grañena, http://www.sabado.pt)
Até que me chegou a notícia da sua recente e trágica morte aos 46 anos e de que necessariamente não haverá mais cinema com ele, não tinha uma real consciência de quanto admirava Philip Seymour Hoffman (PSH) enquanto ator. Confrontado com a ocorrência de Nova Iorque, apoderou-se de mim um sentimento de estranha ausência e vi-me conduzido a rever de atacado alguns filmes em que participou – seja personificando o fundador da cientologia em “O Mentor”, desempenhando um papel de padre católico suspeito de pedofilia em “Dúvida” ou interpretando Truman Capote em “Capote”.
PSH era uma espécie de anti-galã e de anti-herói – gordo, feioso, deselegante, despenteado... Terá sido talvez muito por isso que conseguiu criar alguns personagens inesquecíveis, frequentemente encarnando um papel secundário capaz de roubar o protagonismo ao ator principal (como dele disse Meryl Streep), e que se especializou, citando a última “Veja”, em “papéis de perdedores patéticos, frágeis angustiados, atormentados autodestrutivos, crápulas violentos, snobes desprezíveis ou tiranos manipuladores e repulsivos”.
Acho que não existe, em boa verdade, essa coisa de “maior ator da sua geração”, como o veio considerar o “New York Times”. Mas não deixo de achar também que, se prototipado, o conceito assentaria na perfeição numa figura com os seus vastíssimos dotes e qualidades...
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