quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

GRAU ZERO DA PACIÊNCIA



Hoje, pelo meio da tarde, numa viagem de automóvel entre a Faculdade de Economia e o escritório em Matosinhos, deu para acompanhar o debate no Parlamento sobre o Acordo de Parceria, documento apresentado pelo Governo em Bruxelas e que enquadra toda a programação dos Fundos Estruturais para o período 2014-2020.
As inteligências raras nortenhas têm-se entretido e engalfinhado na discussão sobre os chamados “spillovers”, fundos que em princípio deveriam incidir nas três regiões menos desenvolvidas (pelos critérios comunitários) o Continente (Norte, Centro e Alentejo) que acabam por ser reciclados para a região de Lisboa. Esta última, por não ter o estatuto de política regional daquelas três regiões e por isso estar limitada na absorção de Fundos Estruturais, anda em busca de critérios que lhe permitam aumentar o acesso ao bolo. Ora, esta questão pode motivar discussões para impressionar jornalistas, mas seria melhor que tais inteligências raras se preocupassem mais em orientar a Região para uma boa aplicação de Fundos e conseguir por essa via um aumento de produtividade média da Região.
Ora nos minutos que pude acompanhar a TSF e a sessão no Parlamento com o ministro Poiares Maduro fiquei “comovido” e no grau zero da paciência com a impreparação média dos deputados sobre o Acordo de Parceria e sobre o que ele pode significar em termos de governação do novo período de programação.
Um deputado da maioria (PSD, neste caso), um tal Virgílio qualquer coisa, resolveu em torno dos spillovers e com bom sotaque nortenho gozar com o governo Sócrates sobre essa prática no QREN 2007-2013. Ter-lhe-ão encomendado o serviço, pois de Acordo de Parceria sabia pouco, teve o seu momento de glória e as estruturas concelhias nortenhas agradecer-lhe-ão do coração. À esquerda (PCP e Bloco), já não há pachorra para aturar tanta incompetência técnica sobre um documento que deveria ser analisado à lupa, e ser confrontado com a experiência de governação de períodos de programação anteriores. Pois as intervenções consistiram apenas em mera leitura de pequena política do Acordo de Parceria, revelando um desconhecimento sobre o que se joga num documento desta natureza que brada aos céus. Quanto ao PS,  consumados que foram os contributos para o documento, compreensivelmente optou por jogar a meio campo e não querer marcar golo, ou tentar pelo menos atirar à baliza.
Dei comigo a pensar o que diria um cidadão comum que ouvisse com atenção a audição do ministro, pensando obter alguma informação sobre os tais milhões que vão chegar para o País.
Não pude deixar de pensar o que é que farão no seu horário de trabalho aquelas almas de deputados da Nação. Será que o tempo não dará para uma boa leitura do Acordo de Parceria e dinamizarem uma discussão consistente sobre as verdadeiras questões que estão aí em jogo?
Grau zero de paciência para tanta modorra e incompetência técnica.

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