Hoje, pelo meio da tarde, numa viagem de automóvel
entre a Faculdade de Economia e o escritório em Matosinhos, deu para acompanhar
o debate no Parlamento sobre o Acordo de Parceria, documento apresentado pelo
Governo em Bruxelas e que enquadra toda a programação dos Fundos Estruturais
para o período 2014-2020.
As inteligências raras nortenhas têm-se entretido
e engalfinhado na discussão sobre os chamados “spillovers”, fundos que em princípio deveriam incidir nas três regiões
menos desenvolvidas (pelos critérios comunitários) o Continente (Norte, Centro
e Alentejo) que acabam por ser reciclados para a região de Lisboa. Esta última,
por não ter o estatuto de política regional daquelas três regiões e por isso
estar limitada na absorção de Fundos Estruturais, anda em busca de critérios
que lhe permitam aumentar o acesso ao bolo. Ora, esta questão pode motivar
discussões para impressionar jornalistas, mas seria melhor que tais inteligências
raras se preocupassem mais em orientar a Região para uma boa aplicação de
Fundos e conseguir por essa via um aumento de produtividade média da Região.
Ora nos minutos que pude acompanhar a TSF e a
sessão no Parlamento com o ministro Poiares Maduro fiquei “comovido” e no grau
zero da paciência com a impreparação média dos deputados sobre o Acordo de
Parceria e sobre o que ele pode significar em termos de governação do novo período
de programação.
Um deputado da maioria (PSD, neste caso), um tal
Virgílio qualquer coisa, resolveu em torno dos spillovers e com bom sotaque nortenho gozar com o governo Sócrates
sobre essa prática no QREN 2007-2013. Ter-lhe-ão encomendado o serviço, pois de
Acordo de Parceria sabia pouco, teve o seu momento de glória e as estruturas
concelhias nortenhas agradecer-lhe-ão do coração. À esquerda (PCP e Bloco), já
não há pachorra para aturar tanta incompetência técnica sobre um documento que
deveria ser analisado à lupa, e ser confrontado com a experiência de governação
de períodos de programação anteriores. Pois as intervenções consistiram apenas
em mera leitura de pequena política do Acordo de Parceria, revelando um desconhecimento
sobre o que se joga num documento desta natureza que brada aos céus. Quanto ao
PS, consumados que foram os contributos
para o documento, compreensivelmente optou por jogar a meio campo e não querer
marcar golo, ou tentar pelo menos atirar à baliza.
Dei comigo a pensar o que diria um cidadão comum
que ouvisse com atenção a audição do ministro, pensando obter alguma informação
sobre os tais milhões que vão chegar para o País.
Não pude deixar de pensar o que é que farão no
seu horário de trabalho aquelas almas de deputados da Nação. Será que o tempo não
dará para uma boa leitura do Acordo de Parceria e dinamizarem uma discussão
consistente sobre as verdadeiras questões que estão aí em jogo?
Grau zero de paciência para tanta modorra e
incompetência técnica.
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