Ainda irei a tempo de me referir a uma curiosa nomeação levada a cabo pelo “The Economist” no final de 2013 quando decidiu – “para corrigir o equilíbrio entre o individual e o coletivo” – proceder à escolha de um país do ano.
Num texto leve mas incisivo (“Earth’s got talent”), publicado nas páginas de abertura (“Leaders”), o editor confessa as suas hesitações entre premiar o desempenho económico (p.e., o enganoso boom de crescimento de 30% do Sudão do Sul), o baixo nível de dívida da Estónia, a resiliência da Irlanda perante o resgate sofrido, as lutas contra a autocracia na Ucrânia ou na Turquia, o arrepiante impacto dos acontecimentos na Síria ou a República do Kiribati sobre a qual nada constou e terá vivido em plena calma.
A sua inesperada opção acabou por recair na República Oriental do Uruguai e é-nos assim justificada: “Mas os feitos que mais merecem elogio, pensamos, são reformas inovadoras que não meramente melhoram uma nação individual mas, se emuladas, podem beneficiar o mundo. O casamento gay é uma dessas políticas capazes de atravessar fronteiras, que aumentaram a soma global da felicidade humana sem custo financeiro. Vários países implementaram-na em 2013 – incluindo o Uruguai, que também, de modo exclusivo, fez passar uma lei para legalizar e regular a produção, venda e consumo de canábis. Esta é uma mudança tão obviamente sensível, isolando os bandidos e permitindo às autoridades que se concentrem em crimes mais graves, que nenhum outro país a realizou.” Uma opção cujos méritos são estendidos ao self-effacing presidente José Mujica, pela sua rara franqueza (referiu-se à nova lei como uma experiência) e modéstia (vive numa pequena casa de campo e desloca-se para trabalhar num Volkswagen Beetle) para um homem que exerce funções políticas de primeiro plano.
Num texto leve mas incisivo (“Earth’s got talent”), publicado nas páginas de abertura (“Leaders”), o editor confessa as suas hesitações entre premiar o desempenho económico (p.e., o enganoso boom de crescimento de 30% do Sudão do Sul), o baixo nível de dívida da Estónia, a resiliência da Irlanda perante o resgate sofrido, as lutas contra a autocracia na Ucrânia ou na Turquia, o arrepiante impacto dos acontecimentos na Síria ou a República do Kiribati sobre a qual nada constou e terá vivido em plena calma.
A sua inesperada opção acabou por recair na República Oriental do Uruguai e é-nos assim justificada: “Mas os feitos que mais merecem elogio, pensamos, são reformas inovadoras que não meramente melhoram uma nação individual mas, se emuladas, podem beneficiar o mundo. O casamento gay é uma dessas políticas capazes de atravessar fronteiras, que aumentaram a soma global da felicidade humana sem custo financeiro. Vários países implementaram-na em 2013 – incluindo o Uruguai, que também, de modo exclusivo, fez passar uma lei para legalizar e regular a produção, venda e consumo de canábis. Esta é uma mudança tão obviamente sensível, isolando os bandidos e permitindo às autoridades que se concentrem em crimes mais graves, que nenhum outro país a realizou.” Uma opção cujos méritos são estendidos ao self-effacing presidente José Mujica, pela sua rara franqueza (referiu-se à nova lei como uma experiência) e modéstia (vive numa pequena casa de campo e desloca-se para trabalhar num Volkswagen Beetle) para um homem que exerce funções políticas de primeiro plano.
E aqui deixo este registo da completamente improvável vitória de um país “modesto mas ousado, liberal e divertido”, algo que já tinha podido comprovar pessoalmente numa inesquecível passagem por Punta del Este mas que não conseguia dissociar da magnífica companhia que nos foi então disponibilizada pela congregação argentina dos Sonzini Astudillo…
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