A votação pelo Parlamento Europeu, em sessão plenária
do passado dia 6 de fevereiro de 2014, do modo como o grupo de trabalho
liderado pela deputada Elisa Ferreira defende um Mecanismo Único de Resolução
dos Bancos contrário ao defendido pelo Conselho Europeu foi expressiva (441
votos favoráveis, 141 contra e 17 abstenções) mereceria em Portugal uma outra
difusão, entre outros motivos por homenagem singela ao trabalho da deputada.
O modelo preconizado pelo Conselho Europeu (com a
Alemanha a puxar por essa decisão) é bem ilustrativo das inconsistências do
momento atual de concretização do projeto europeu. Ao defender um esquema de
resolução que passa por estruturas nacionais e fundos nacionais e não por um
fundo único como propõe o Grupo Negocial do PE e agora a instituição enquanto
tal, a proposta do Conselho introduz uma elevada indeterminação e incerteza
junto dos depositantes, potenciando que problemas similares em países
diferentes sejam resolvidos de modo não homogéneo.
A visita do ministro das Finanças alemão Schäuble
ao grupo negocial do Parlamento Europeu anunciava a preocupação alemã e dos
seus seguidores relativamente à magnitude e peso da maratona negocial que iria
ser desencadeada com a manutenção por parte do Parlamento Europeu das suas
posições.
Do ponto de vista político, há aqui uma pitada de
sal que pode animar toda esta maratona. Afinal, o Presidente do Parlamento
Europeu Martin Schulz é membro como é conhecido do governo de coligação Merkel –
SPD. E embora possa admitir-se que a candidatura de Schulz à Comissão Europeia
pode introduzir neste processo outros princípios negociais, a verdade é que o
próprio Schulz com esta votação dificilmente e sem escrutínio poderá utilizar jogos
de cintura para viabilizar a sua posição pessoal.
Valeria a pena já em rota para as europeias
mostrar aos portugueses que aquilo que se decide e faz no Parlamento Europeu
tem implicações no nosso quotidiano (neste caso a segurança dos depósitos bancários)
e por isso é merecedor de maior atenção da nossa parte. O PS pelos vistos
parece andar mais atarefado em demover António Vitorino ou outro qualquer peso
pesado para liderar a sua lista. São opções.
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