quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

MAIS UMA AJUDINHA...

(Carlos Latuff, http://latuffcartoons.wordpress.com)

Após uma querela muito renhida no quadro de uma propaganda política (ver cartazes na imagem abaixo) assente na frondosa árvore de Guilherme Tell, símbolo da prosperidade do país, o referendo suíço contra a imigração de massa e a favor da reintrodução de quotas de imigração para os cidadãos da União Europeia (UE) saldou-se por um petit oui (50,34%) que não deixará de ter implicações de monta no Velho Continente ao por assim em causa o acordo entre a Suíça e a UE sobre a livre circulação de pessoas que vigorava há uma dúzia de anos e cujos termos terão de ser obrigatoriamente reabertos em negociações que se adivinham de grande dureza.

Os dados do problema ficam bem à vista nos números seguintes: a abertura das fronteiras suíças conduziu a uma afluência média estimada em 80 mil pessoas por ano e a que, em final de 2012, fosse já de 23,3% (quase um em cada quatro habitantes) o peso detido pelos trabalhadores estrangeiros registados – 292 mil italianos, 284 mil alemães e 238 mil portugueses – numa população pouco superior a 8 milhões de habitantes. Excluindo ainda 280 mil frontaliers (vivendo em países limítrofes mas trabalhando na Suíça, mais de metade dos quais com origem em França), 250 mil ilegais e 700 mil estrangeiros naturalizados.

A distribuição do resultado revelado por regiões permite também concluir pela existência de uma marcada divisão entre a Suiça francófona e preponderantemente urbana (Genebra, Lausana, Neuchâtel, Zurique, Basileia, Friburgo, assim como o Valais e o Jura) e a Suíça germanófila e preponderantemente rural (a verde no mapa abaixo). Nada que seja estranho a esta nossa Europa crescentemente retalhada e de duvidoso conserto…

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