Um avião demasiado cedo ao princípio da tarde
para o Porto não permitiu que acompanhasse toda a sessão matinal da conferência
sobre os efeitos da crise e das políticas de austeridade sobre o modelo social
europeu.
Mas deu para acompanhar as intervenções políticas
de ministros e secretários de Estado, onde estiveram representados a Bélgica, a
Croácia, o Luxemburgo, a Espanha, a Grécia, a Lituânia e Malta. Ou seja, de
peixe graúdo só a Espanha e com representação de secretária de Estado. Quanto
aos países que podem inverter o ataque ao modelo social europeu nem vê-los e se
calhar não será por acaso.
Em minha opinião, com exceção da intervenção do
Luxemburgo, o que resulta de todas as intervenções é uma imensa retórica, que
frustra e irrita a mais calma das almas. Ninguém se atreve a defender o
desmantelamento, mas grande parte das intervenções estão muito para além da
busca de padrões de sustentabilidade e eficiência, são atitudes ideológicas que
são assumidas um pouco à socapa, pois em encontros desta natureza ninguém tem a
coragem de assumir o que estão a concretizar. A intervenção do ministro do
Luxemburgo é vigorosa e contrasta em termos de defesa do projeto europeu como
um projeto de valores que deve continuar a ser uma referência para países à
procura de um modelo social. A retórica política mais evidente forneceu-a a
Espanha. Depois de ouvir a senhora, um observador desprevenido julgaria que o
desemprego estaria em torno do desemprego natural e que em termos sociais a Espanha
deveria ser um paraíso.
Como imagem final não é por acaso que com exceção
da Espanha todos os países presentes são pequenas forças entre os outros
colossos europeus.
Não fiquei nada convencido que o modelo social
europeu esteja defendido e nem sequer que haja espaço para uma revisão aberta
com defesa dos seus valores de origem.
Sem comentários:
Enviar um comentário