sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

MINISTROS E RETÓRICA



Um avião demasiado cedo ao princípio da tarde para o Porto não permitiu que acompanhasse toda a sessão matinal da conferência sobre os efeitos da crise e das políticas de austeridade sobre o modelo social europeu.
Mas deu para acompanhar as intervenções políticas de ministros e secretários de Estado, onde estiveram representados a Bélgica, a Croácia, o Luxemburgo, a Espanha, a Grécia, a Lituânia e Malta. Ou seja, de peixe graúdo só a Espanha e com representação de secretária de Estado. Quanto aos países que podem inverter o ataque ao modelo social europeu nem vê-los e se calhar não será por acaso.
Em minha opinião, com exceção da intervenção do Luxemburgo, o que resulta de todas as intervenções é uma imensa retórica, que frustra e irrita a mais calma das almas. Ninguém se atreve a defender o desmantelamento, mas grande parte das intervenções estão muito para além da busca de padrões de sustentabilidade e eficiência, são atitudes ideológicas que são assumidas um pouco à socapa, pois em encontros desta natureza ninguém tem a coragem de assumir o que estão a concretizar. A intervenção do ministro do Luxemburgo é vigorosa e contrasta em termos de defesa do projeto europeu como um projeto de valores que deve continuar a ser uma referência para países à procura de um modelo social. A retórica política mais evidente forneceu-a a Espanha. Depois de ouvir a senhora, um observador desprevenido julgaria que o desemprego estaria em torno do desemprego natural e que em termos sociais a Espanha deveria ser um paraíso.
Como imagem final não é por acaso que com exceção da Espanha todos os países presentes são pequenas forças entre os outros colossos europeus.
Não fiquei nada convencido que o modelo social europeu esteja defendido e nem sequer que haja espaço para uma revisão aberta com defesa dos seus valores de origem.

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