(Noëlle Herren Schmidt, http://lemonde.fr)
Os franceses têm muitíssimos e escabrosos defeitos, mas nestas coisas do pensamento e da reflexão colocam-se bem e tendem a acertar frequentemente na identificação do essencial. Foi o caso do “Le Monde” deste fim de semana ao decidir abrir nas suas páginas o debate “Que identidade europeia?” sob o estimulante contributo de “dois irreconciliáveis mas indefetíveis europeus”, o ensaísta e filósofo Alain Finkielkraut (AF) e o nosso velho conhecido dos tempos de Paris 1968 e atual deputado europeu pelos “Verdes” alemães Daniel Cohn-Bendit (DCB).
Perante a questão referenciada (e desagregada em três planos potencialmente orientadores das divisões europeias – instituições, valores e imigração), os termos da discordância surgem bem sintetizados nos dois headings acima reproduzidos, a saber: construir a identidade europeia é ultrapassar a identidade nacional e ser europeu pode ser, no limite, não ter identidade predeterminada (DCB) ou nunca nos sentiremos representados pelas instituições europeias e a nação é e permanecerá o habitáculo da democracia (AF)?
Um tema que não parece interessar a Portugal e às suas tristes elites, ocupadas como andam com o acordo de parceria para o acesso aos fundos comunitários (sinal de pertença) e a libertação do jugo da Troika a ocorrer em maio (sinal de rejeição). Para pior já basta assim...
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