Que ao Governo do PP de Rajoy tudo acontece já não
é novidade alguma. Contam-se pelos dedos as semanas de governação em que danos
colaterais do caso Bárcenas, ameaças independentistas catalãs, ecos remotos do
despautério financeiro que levou à intervenção comunitária no sistema bancário
espanhol, os cortes brutais na ciência espanhola, corrupção em geral (caso
Gurtel) e diferentes manifestações da crise social não perturbam a imagem da
governação popular.
Mas a tragédia de Ceuta que o porta-voz da Cruz Vermelha
considera uma das maiores tragédias migratórias dos últimos tempos bate todas
essas perturbações. Disparar balas de borracha (e segundo alguns sobreviventes
gás lacrimogéneo) sobre um grupo indefeso e provavelmente por essa via ter
provocado todo o acidente revela uma Guarda Civil inclemente, que está a
colocar o governo espanhol numa situação muito delicada do ponto de vista
internacional. Especialistas de direito internacional consideram que o governo
espanhol incorreu numa violação grave de obrigações assumidas no plano
internacional ao promover em termos práticos uma “devolução forçada informal”
de imigrantes.
Esta é a União Europeia que temos, incapaz de se
organizar e de estruturar uma solução política para este tema das migrações
determinadas pela fuga à miséria.
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