(John Maynard Keynes)
(Roy Harrod)
Com o sol finalmente a despertar em Lisboa, via Bradford DeLong uma síntese cada vez mais decisiva do que a Economia deve ser. Imaginem
a fonte: carta de Keynes a Roy Harrod, em 1938, a propósito de felicitações do
primeiro ao segundo por motivo do discurso presidencial deste último à British
Economic Association:
“A economia é uma ciência que pensa em termos de modelos
combinada com a arte de escolher os modelos relevantes para o mundo contemporâneo.
Ela é obrigada a assumir esta natureza, porque, ao contrário das ciências
naturais típicas, o material sobre o qual é aplicada não é, sob muitas
perspetivas, homogéneo ao longo do tempo. O objeto de um modelo consiste em
segregar os fatores semi-permanentes ou relativamente constantes dos que são
transitórios ou flutuantes de modo a desenvolver uma maneira lógica de pensar
estes últimos e de compreender as sequências temporais a que dão origem em casos
particulares. Os bons economistas são escassos porque o dom de utilizar a “observação
vigilante” para escolher os bons modelos, embora não exija uma técnica
intelectual muito especializada, parece ser muito raro.”
Isto foi escrito em 1938. O dom a que Keynes se
refere é de facto muito raro. Prova-o o facto de 76 anos depois continuarem a
ser largamente maioritários os que, desprovidos desse dom, usam acriticamente
modelos em que se engalfinharam a partir de dependências e cumplicidades com
Escolas ou simplesmente patronos.
Sábias palavras as de Keynes e sobretudo uma capacidade
rara de antecipar um panorama a 76 anos de distância.
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