terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O PASSADO NO PRESENTE


Numa das minhas vidas passadas pratiquei oficialmente a modalidade desportiva de ténis de mesa. Conheci bem, então, o salutar amadorismo e interclassismo que nela imperava, bem assim como o modo como ela ajudava à ocupação, ao entretenimento e ao convívio de jovens e menos jovens em tantos pequenos clubes de bairro das cidades, em variadas localidades periféricas das mesmas e em cidades de escassa dimensão e limitadas oportunidades de ordem cultural.

Aqui pela zona do Porto, esse foram os tempos do Mocidade Invicta, do Cultural das Antas, do Alvinegro Portuense, do Desportivo de Portugal, do Francos Figueirense, do Galitos da Foz, para só referir algumas agremiações; como foram também os tempos do CPN de Ermesinde, dos Dragões Valboenses, do Atlântico da Madalena, do Oliveira do Douro, do Desportivo da Póvoa, do Ginásio de Santo Tirso, igualmente para só mencionar algumas; como foram ainda os tempos em que, ao lado de Lisboa e Porto, sobressaiam burgos como a Figueira da Foz, as Caldas da Rainha, Santarém ou Leiria. Quanto a nomes sonantes, já não apanhei o ainda recordista de campeonatos individuais (Fernando Oliveira Ramos) mas recordo os macaenses (Alberto Ló primeiro e Luís Choi depois), o atleta mais laureado de sempre (José Alvoeiro, iniciado no Palmeiras e com passagens marcantes pelos dois “grandes de Lisboa”) e o primeiro título de singulares conquistado para o Norte (Licínio Carneiro).

Depois veio a necessidade de me fazer à vida, o que nunca me impediu de sempre ir procurando notícias de como ia o ping-pong e de breves incursões pelos pavilhões onde havia torneios. Esta separação lenta permitiu-me assistir a exibições notáveis, como as de dois campeões que marcaram uma época (Pedro Miguel e Ricardo Roberto), mas a consumação do inevitável corte físico já não me levou ao conhecimento por perto da transição para outras épocas, como a da afirmação de Trás-os-Montes (e de Mirandela, em especial), a da chegada de russos e chineses contratados por diversos clubes, a da mais recente explosão da modalidade nas Ilhas Adjacentes (Madeira, em particular), a da profissionalização de atletas nacionais em campeonatos europeus ou a da passagem a modalidade olímpica.

Vem tudo isto a propósito do maior feito de sempre do ténis de mesa português, concretizado no domingo depois da “ameaça” dos quartos-de-final nos Jogos de Londres: a vitória do madeirense Marcos Freitas, atualmente jogador em França (AS Pontoise Cergy) e ocupante do 15º lugar no ranking mundial e do 4º no europeu, na Taça da Europa ontem terminada em Lausana. Prometo solenemente que um dia destes vou envidar os meus melhores esforços para ir ver jogar este Marcos e os seus dois principais companheiros de seleção (Tiago Apolónia e João Pedro Monteiro) e juro que tentarei não fazer o feio de abrir a boca em demasia…

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