sábado, 22 de fevereiro de 2014

“UM TRESPASSE SEM DIGNIDADE E SEM HONRA”



Ontem, já passava da meia-noite recebi um mail amigo do Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo no qual me enviava a nota de imprensa por ele dirigida aos meios de comunicação social devido ao encerramento do caso Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
O título do presente post é o título dessa nota de imprensa.
Ontem, na sessão Novo Rumo em Viana do Castelo, José Maria Costa era um homem consciente de ter feito o possível e o impossível, mas um homem triste e magoado. Triste e magoado porque na prática e no fim de contas foi a única voz que bradou com firmeza e convicção contra a gestão de todo o processo. Triste e magoado porque no dia 21 de fevereiro de 2014 nem uma voz de partido, de sindicato ou outra qualquer associação cívica ou política se fez ouvir para acusar o desfecho. As contradições internas entre os trabalhadores e seus representantes, a aparente aliança entre a CGTP e o Governo não se sabe a troco de que compensações e os riscos de que uma memória de engenharia naval possa perder-se irremediavelmente são motivos para estar triste e magoado, sobretudo para quem trabalhou na empresa e aí iniciou uma atividade profissional. Triste e magoado porque a direção nacional do PS não concedeu ao caso a relevância que merecia, sobretudo pelo seu comprometimento (que tem nomes) com decisões passadas, apesar dos impulsos Socráticos com o amigo Chávez.
Cito um excerto da nota de imprensa:
“(…) A Dignidade do Trabalho e o seu Valor Social foi matéria que foi descuidada, tendo este processo resvalado para a “ mercearia laboral”, configurando mais um trespasse vergonhoso, fugindo das responsabilidades sociais, traindo a Dignidade do Estado e do elevado Sentido do Interesse Público que qualquer governante deve prosseguir.
Os trabalhadores dos ENVC foram expurgados ao longo deste processo da sua condição moral, sendo fustigados e desvalorizados ao longo destes dois anos e meio, de trabalhadores que tinham a sua dignidade, que contribuíam com o seu trabalho para a economia da sua cidade, região e país. Indescritível manter fechados na empresa trabalhadores sem ocupação, havendo encomendas de navios, e sem procurar uma ocupação de valorização profissional interna.
O Valor Social do Trabalho, o orgulho da arte da construção naval e a responsabilidade social de uma Empresa, foram subvertidos curiosamente com alguns “encostos sindicais de última hora” á expressão mais profunda da pressão psicológica, do rumor e do boato, da compra da dignidade social do trabalho (…)”.
E como bom autarca que é, JMC investe num outro caminho do possível:
“Informo que vou solicitar ao Senhor Primeiro Ministro uma intervenção urgente no Alto Minho que reduza o impacto negativo da crise dos ENVC, envolvendo os principais atores públicos para a realização de um Programa de Emprego e de Acolhimento Empresarial para a Região.
Não nos conformamos com esta situação e queremos afirmar a nossa vontade de apostar numa estratégia competitiva da nossa cidade e da nossa comunidade. Para isso apresentaremos uma proposta que estruture uma Ação Integrada de Valorização do Emprego e da Economia Local no apoio à fixação de novas empresas, no reforço das indústrias instaladas, na qualificação dos nossos recursos humanos e na atratividade económica da região.”
Será que as dúvidas de JMC vão confirmar-se? Vai a Martinfer honrar a memória de uma empresa?

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