O melhor do fim-de-semana para compensar esta tormenta
que nos atormenta:
Sábado, Pacheco Pereira no Público:
“Se se quiser travar este caminho de desastre não se vai lá
com esquerda versus direita, mas com a aliança que já existe de facto entre os
que se opõem a este Governo, a começar pelos que estão no PSD, no CDS, ou no
PS, que representam a única esperança do sistema político-partidário da nossa
democracia sobreviver à crise. A responsabilidade de Rui Rio e de António Costa
é grande, até porque são os únicos que nos seus partidos juntam legitimidade
eleitoral junto dos portugueses com experiência governativa. Com eles, há que
conversar com todos, a começar pelas forças sociais, sindicatos e confederações
patronais, porque não se pode estar sempre a falar da gravidade da actual
situação e depois actuar como se fosse tudo como dantes. Na verdade, isto corresponde
ao sentimento dos portugueses comuns, que estão literalmente ‘passados’ com
este Governo, como também fartos de muita da sua oposição sistemática. Por
isso, nunca houve tanto eleitorado disponível, mas ele é, como se diz, ‘horizontal’,
sem desprimor para as ‘grandes horizontales’.
Existe um programa comum possível? Existe. Eu penso que
se deve ser intransigente com a ‘obra’ deste Governo, cuja destruição do país,
o salgar da terra portuguesam vai durar muito para além sequer da memória de
algumas das suas figuras, mas entendo que isso não significa colocar debaixo do
tapete alguns dos problemas que estão na base de muita retórica governamental e
defrontá-los com moderação”
Pelo que se ouve de Rui Rio quando abre a boca em
tom mais ou menos oficial (um vazio exasperante de ideias), não estaria tão
esperançado como o JPP, mas a ideia global de uma alternativa partidária com
grande apoio da concertação social e de algumas personalidades da
social-democracia e do centro-direita não
me é estranha e já aqui a referi.
Sábado, também no Público, Vasco
Pulido Valente sobre a pessoalização das esquerdas:
“(…) Não se percebe o que separa o Bloco das suas
crias, nem o que o individualmente distingue cada cria. Mas devemos supor que há
entre toda a gente divergências gravíssimas, porque se não houvesse não haveria
também a balbúrdia instalada na ‘esquerda’ e o ódio fraterno habitual nestas
zangas.”
De facto, é necessário um profundo conhecimento de
“inside information” sobre estas
organizações para compreender (e sobretudo levar a sério) as putativas
diferenças entre toda esta gente. Gente que não se pode queixar do magnânimo
acolhimento que a comunicação social lhes concede.
Domingo, no Público, carta aberta
de Santana-Maia Leonardo à família de Salgueiro Maia:
(…) “Eu compreendo que os políticos da República de Lisboa gostassem de ter
o Capitão de Abril ali à mão de semear para, de vez em quando e por rotina, lá
irem colocar uma coroa de flores e dizer umas palavras de circunstância. Mas têm
de ter paciência como os alentejanos. Se querem depositar coroas de flores no túmulo
de Salgueiro Maia, têm de vir a Castelo de Vide, sempre têm a oportunidade de apreciar
na viagem o deserto em que transformaram o interior do país.”
Palavras duras que ilustram bem o sentimento da não
coesão no país.
Domingo, no Mezzo (TV por cabo), à
hora do almoço ou do brunch consoante as opções:
Uma memorável Sinfonia nº 2 de Mahler, Ressurreição, com
a orquestra de Lucerna, dirigida pelo desaparecido Claudio Abbado e com o Orféon
Donostierra.
O simples prazer de estar vivo para usufruir do
simplesmente sublime.
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